A Venezuela pode ter que começar a fechar alguns poços de petróleo em breve, porque está ficando sem espaço para armazenar o óleo, depois da apreensão de um petroleiro na semana passada e dos planos dos EUA de bloquear outras embarcações sancionadas.
Os principais tanques de armazenamento do país e os petroleiros ancorados nos terminais estão enchendo rápido e podem chegar à capacidade máxima em cerca de 10 dias, segundo pessoas próximas ao assunto que preferiram não se identificar, já que a informação é confidencial. Se isso acontecer, a estatal Petróleos de Venezuela SA (PDVSA), que produz perto de 1 milhão de barris por dia, pode ser obrigada a interromper a produção em alguns poços.
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A Chevron continua produzindo normalmente em suas parcerias com a PDVSA e está cumprindo todas as leis vigentes, informou a empresa na quarta-feira. Embora use petroleiros não sancionados para exportar petróleo para o Golfo dos EUA, ainda não está claro quais serão os impactos caso a PDVSA precise fechar poços.
Essa pressão maior reflete a intensificação da campanha do governo Trump para cortar a receita de petróleo do regime do presidente Nicolás Maduro. Na terça-feira, o presidente dos EUA anunciou um “bloqueio total” a todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela, além de classificar o regime como uma organização terrorista estrangeira. Mesmo sem detalhes ou orientações oficiais até agora, a movimentação de navios já está praticamente parada, porque o mercado evita o risco de apreensão, segundo fontes.
A Chevron afirmou que está em conformidade com as sanções do governo dos EUA e que dúvidas sobre a segurança na Venezuela devem ser direcionadas às autoridades americanas.
Metade da produção da Chevron na Venezuela, cerca de 200 mil barris por dia, é entregue à PDVSA conforme contrato.
A Chevron opera no país com uma licença do Tesouro dos EUA que a isenta das sanções ao petróleo, mas sob condições restritas.
As exportações de petróleo da PDVSA seguem normalmente, com seguro, suporte técnico e garantias operacionais, segundo a empresa.
As novas restrições para transportar o petróleo venezuelano e importar o diluente necessário para a produção e transporte do petróleo extra-pesado da PDVSA podem fazer com que os tanques se encham muito rápido, explicou Schreiner Parker, sócio e chefe de mercados emergentes da empresa de pesquisa Rystad Energy. Quando isso acontecer, a produção pode cair rapidamente.
No primeiro mandato de Trump, as sanções de “pressão máxima” fizeram a produção da Venezuela despencar para menos de 500 mil barris por dia, disse Parker. A PDVSA conseguiu recuperar parte disso trocando seu petróleo por um tipo de diluente vindo do Irã. “Mas isso não é uma opção agora, com os EUA patrulhando o Caribe,” afirmou.
Acúmulo de petroleiros
Pelo menos três superpetroleiros, que juntos podem transportar 6 milhões de barris de petróleo, já foram carregados, mas continuam parados em águas venezuelanas, segundo pessoas, imagens de satélite e um relatório da Bloomberg.
A Venezuela depende muito de uma frota “fantasma” de navios que desligam ou falsificam seus sinais para esconder onde estão e navegar sem serem detectados. Os três navios presos estão carregados com petróleo pesado venezuelano avaliado em cerca de 300 milhões de dólares, segundo a Bloomberg.
Os navios fantasmas Crag e Galaxy 3, que usam nomes falsos, foram carregados na semana passada e ainda estão em águas venezuelanas. Outro superpetroleiro, o Kelly, que desligou seu transponder há uma semana, terminou de carregar nos últimos dias. Um quarto navio, chamado Romana, está carregando 1,9 milhão de barris do petróleo Merey 16, o principal da Venezuela.
A Chevron conseguiu carregar suas cargas mesmo após um ataque cibernético recente à PDVSA, que atrapalhou o trabalho administrativo nos portos, mas não afetou a produção ou o transporte do petróleo.
A Venezuela responde por menos de 1% da produção mundial de petróleo, o que limita o impacto dessa interrupção nos preços.
© 2025 Bloomberg L.P.
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