
As ações da Tenda (TEND3) acumulam queda pelo quarto pregão consecutivo, nesta sexta-feira (13), com baixa de cerca de 8% no período, após a divulgação de uma operação envolvendo plano de opção de ações e liquidação antecipada de contratos derivativos. O movimento da construtora, que envolveu cerca de R$ 115 milhões, gerou dúvidas entre investidores e abriu espaço para interpretações divergentes sobre a estratégia adotada pela companhia.
Na última terça-feira (10), a Tenda informou a aquisição de 4,6 milhões de ações ordinárias ao preço médio de aproximadamente R$ 25 por papel. O objetivo foi cumprir um plano de opções de ações (stock options), uma forma de remuneração variável oferecida por empresas a seus executivos e colaboradores, aprovado em 2014, que totaliza cerca de 5,2 milhões de ações.
Paralelamente, a companhia anunciou o encerramento antecipado de contratos de swap com Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), relacionados a 4,6 milhões de ações. Esses contratos haviam sido firmados ao preço de R$ 13 por ação e geraram cerca de R$ 40 milhões em caixa bruto antes de impostos, segundo informações do Bradesco BBI.
Apesar do ganho financeiro, o banco calcula que a operação resultou em um desembolso líquido estimado em R$ 80 milhões, o que contrariou parte do mercado que acompanhava a alta acumulada de 93% das ações da Tenda no ano até o anúncio.
O que causou desconforto nos investidores?
Segundo os analistas do BBI, o desconforto dos investidores não se deve à estrutura em si, mas à surpresa com a utilização do caixa, em um momento em que havia expectativa de uso mais direto dos recursos em benefício imediato dos acionistas.
A equipe do BBI explica que a Tenda não possuía recursos suficientes para executar o plano de ações anteriormente. Ao fim do exercício de 2024, a empresa contava com cerca de R$ 33 milhões em lucros retidos, valor insuficiente para viabilizar a operação, mesmo com os preços de mercado de janeiro de 2025, quando os papéis estavam em torno de R$ 14,40. Com o lucro líquido de R$ 85 milhões no primeiro trimestre de 2025, a companhia ganhou fôlego para executar a obrigação, o que foi classificado como positivo pelos analistas.
Outro ponto que gerou questionamentos foi a possibilidade de pressão vendedora sobre os papéis após a liberação das ações vinculadas às stock options. Conforme o Bradesco BBI, não há período adicional de restrição (lock-up) porque o plano original é de 2014. Ainda assim, o relatório do banco divulgado ao mercado pontua que boa parte das opções está concentrada nas mãos do CEO Rodrigo Osmo, o que reduz o risco de venda desordenada no mercado. O banco também valorizou o fato de a Tenda ter evitado a emissão de novas ações, preservando os atuais acionistas de uma diluição.
A comparação com a Direcional (DIRR3), que também adotou estrutura similar de equity swap e converteu os ganhos diretamente em dividendos, teria elevado as expectativas sobre os desdobramentos da operação da Tenda. A diferença, segundo o BBI, é que a Tenda usou o ganho para arcar com uma obrigação antiga, não para distribuir resultados. Essa diferença de destinação dos recursos pode ter alimentado a frustração de curto prazo entre investidores que aguardavam outro tipo de movimentação.
Recomendação
Para os analistas, a interpretação negativa por parte do mercado não compromete a trajetória recente da companhia. A Tenda, diz o BBI, vem tentando recuperar a confiança dos investidores após um período de maior restrição financeira e encontra-se em um estágio de evolução inferior ao de empresas como Cury (CURY3) e Direcional, que se consolidaram como referências no setor. A avaliação dos analistas é que a empresa ainda está em processo de reposicionamento, tanto no modelo de negócios quanto na forma como se comunica com o mercado.
Mesmo com a recente queda das ações, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra para TEND3, com preço-alvo de R$ 22. O papel é negociado a 4,6 vezes o lucro estimado para 2026, patamar considerado atrativo em comparação com os múltiplos de cerca de 7,5 vezes observados em Cury e Direcional. Os analistas acreditam que o fechamento dessa diferença deve ocorrer entre 2026 e 2027, quando esperam que a evolução operacional da Tenda permita aumento na distribuição de dividendos, elemento visto como determinante para uma reprecificação mais ampla da ação.
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