Sem dinheiro para o inventário? Saiba como a previdência pode evitar isso na prática

Burocracia, anos de espera e possíveis brigas entre herdeiros são situações que costumam passar pela cabeça de quem vai enfrentar uma partilha de bens. Mas para quem acompanha esse processo de perto, o que mais costuma paralisar a sucessão não é nenhum desses pontos, mas sim a falta de dinheiro para o inventário, segundo a advogada de família e empresas Viviane Vasques.

“Ter muito patrimônio no papel e liquidez zero é algo mais comum do que se imagina”, diz a especialista.

O fato é que todo inventário tem custos imediatos, e a maioria das famílias não está preparada para isso. E quando falta dinheiro, tudo trava: não dá para vender imóveis, dívidas antigas crescem, aplicações ficam inacessíveis e, em alguns casos, até deixam de render. O resultado é um processo que se arrasta por meses ou anos, corrói o valor do patrimônio e acaba desgastando todos os envolvidos.

Para mostrar como esses problemas aparecem na vida real, conversamos novamente com a sócia do Moraes e Vasques Advogados.

Assim como fez ao explicar como a previdência ajuda no planejamento sucessório, Viviane trouxe casos do seu dia a dia que mostram com clareza o impacto da falta de dinheiro no inventário, e como isso poderia ser evitado com uma previdência bem estruturada.

Falta de dinheiro para o inventário: a trava silenciosa

Mais do que reunir documentos, abrir um inventário é também lidar com uma lista de despesas logo nos primeiros dias. Entre elas, estão o imposto de transmissão (ITCMD), custas judiciais ou de cartório, avaliações de bens, certidões atualizadas, regularizações e dívidas que o falecido deixou para trás.

Como quase tudo isso pede pagamento imediato, muitas famílias descobrem um problema que não esperavam enfrentar: o inventário fica travado por falta de dinheiro, mesmo quando há patrimônio. E situações assim só tendem a piorar, pois atrasos geram mais gastos, dívidas se acumulam, imóveis se deterioram, compradores desistem e as relações familiares se desgastam.

A falta de liquidez para iniciar o processo atinge desde quem tem apenas um imóvel até famílias com patrimônio elevado. E é justamente aí que os casos concretos trazidos por Viviane Vasques ajudam a entender o que está em jogo.

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Exemplo 1: o patrimônio de milhões que virou um peso para os herdeiros

Um dos casos que a advogada acompanha envolve um espólio que chama atenção pelo valor e características: cerca de R$ 10 milhões totalmente em imóveis. Quem olha para o número pode pensar que os herdeiros estejam tranquilos, mas não é bem assim.

Os imóveis que o falecido deixou acumularam pendências ao longo dos anos, como IPTU vencido, necessidade de reformas e documentos desatualizados. Nada estava pronto para venda e, para completar, os herdeiros não tinham dinheiro na mão.

Logo no início, a família percebeu que não conseguiria avançar no inventário, pois seria preciso investir para regularizar tudo. O primeiro passo foi tentar uma autorização judicial para vender alguns bens, mas isso não mudou a realidade, segundo Viviane.

“Com as pendências acumuladas, os imóveis não tinham atratividade comercial, e não aparecia comprador disposto a assumir tudo isso. As poucas propostas vinham muito abaixo do valor aceitável”, relata a advogada.

Com o tempo, o desgaste se ampliou e o inventário entrou em um ciclo difícil de romper. Não se vendia por falta de regularização; não se regularizava por falta de dinheiro; e não havia dinheiro porque o processo não andava.

“Esse processo se arrasta por mais de seis anos, e o patrimônio que parecia sólido se transformou em um fardo para os herdeiros”, diz Viviane.

Exemplo 2: as aplicações venceram e o dinheiro ficou parado na conta

No inventário, a falta de liquidez não atinge só os imóveis e outros bens físicos. Se as aplicações vencem e o processo ainda não está concluído, o dinheiro fica parado na conta até que o inventariante dê um novo destino a ele.

Viviane lembra o caso de um senhor que faleceu deixando boa parte de seu patrimônio em renda fixa. A família, tomada pelo luto e sem orientação imediata, não percebeu que um CDB de valor alto havia vencido poucas semanas após a morte do patriarca.

“O dinheiro simplesmente ficou parado durante todo esse tempo”, conta a advogada, pois sem inventário formal e inventariante nomeado, o banco não liberou o valor. Em outras palavras, o montante existia, mas não ajudou a pagar despesas da partilha.

Ela conta que a família só foi buscar ajuda quase um ano depois do falecimento, e ainda assim precisou aguardar a nomeação do inventariante. Somente depois de concluir o processo é que o valor pôde ser reinvestido.

Esse é mais um caso bastante comum, segundo Viviane, e só reforça o perigo que é ficar sem liquidez no inventário. Dependendo do perfil da família e do inventariante, uma aplicação que venceu pode ficar parada na conta por muito tempo ou rendendo menos do que deveria, o que deteriora ainda mais o patrimônio.

Como a previdência privada pode evitar o sufoco financeiro no inventário

Diante desses cenários (imóveis inacessíveis e dinheiro congelado), a previdência surge como uma solução direta, pois coloca recursos nas mãos dos beneficiários sem depender do inventário.

Viviane reforça que a maior parte das dores de quem passa por um processo de partilha pode ser evitada com um pouco de liquidez. E a previdência, quando pensada como parte do planejamento sucessório, entrega disponibilidade financeira rápida e organizada.

“Não se trata de substituir o patrimônio por previdência, mas de garantir que, no meio da burocracia, exista pelo menos uma fonte de recursos segura e imediata para destravar o processo”, conclui a advogada.

Como você pode se preparar antes do inventário

Preparar uma reserva de liquidez em vida é mais simples do que lidar com um inventário travado no futuro. Se você já está pensando nisso, mas não sabe bem por onde começar, a XP pode lhe ajudar a dimensionar aportes, escolher o tipo de previdência adequado ao seu perfil e integrar essa estratégia ao restante do seu patrimônio.

Com planejamento e acompanhamento, a previdência privada deixa de ser apenas um investimento de longo prazo e passa a funcionar como uma peça essencial para evitar que a falta de dinheiro transforme o inventário em um processo doloroso e interminável para sua família.

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