
Muitas crianças têm cáries antes dos 5 anos de idade. Apesar de os números serem grandes, existem pais que ainda acreditam que o cuidado com os dentes na infância pode esperar. “Não tem dente, não precisa escovar a boca”, costumam repetir. Outros pensam que “os dentes de leite não importam porque vão cair de qualquer forma”.
Esses e outros mitos profundamente enraizados na cultura familiar estão levando uma geração de crianças a enfrentar problemas de saúde bucal que poderiam ser evitados.
— Os erros mais comuns que os pais cometem são não escovar os dentes porque é difícil fazer isso com as crianças, permitir o consumo excessivo de açúcares, não ir a consultas regulares e achar que os dentes de leite não precisam de cuidados porque vão cair — explica a doutora Lina María Rueda Vargas, odontopediatra.
Rueda destaca o papel educativo dos odontopediatras para facilitar o processo com as crianças. Confira a seguir os equívocos mais comuns sobre a higiene bucal infantil.
Achar que dente de leite não importa
Os dentes de leite não apenas permitem uma mastigação adequada e o desenvolvimento da fala, mas também são guias fundamentais para o surgimento correto dos dentes permanentes.
— Negligenciá-los pode causar cáries, dor, infecções e problemas ortodônticos no futuro — alerta Rueda.
Além disso, a falta de cuidados pode gerar experiências negativas desde muito cedo, o que geralmente leva ao medo do dentista ou à rejeição das rotinas de higiene.
Começar tarde o cuidado com a saúde bucal infantil
Muitos pais acham que só precisam se preocupar com a escovação quando aparece o primeiro dente.
No entanto, a higiene oral deve começar aos 3 meses de idade, mesmo que ainda não haja dentes visíveis.
— É necessário limpar a boquinha do bebê com uma gaze úmida ou dedal de silicone, pelo menos uma vez ao dia — explica a especialista.
A escova de dentes e o creme dental devem ser usados assim que o primeiro dente nascer (entre 6 e 8 meses de idade), com uma quantidade mínima de creme (meio grão de arroz) e escovação duas vezes ao dia.
— Mais adiante, pode-se incorporar uma terceira escovação ao meio-dia — acrescenta.
Deixar que a criança escove sozinha cedo demais
Muitas crianças querem ser autônomas com a escova de dentes. É comum que os pais cedam e não supervisionem a escovação.
— Até os 8 ou 10 anos, as crianças não desenvolveram totalmente a coordenação motora fina. Por isso, precisam de acompanhamento e reforço de um adulto para garantir uma higiene eficaz — afirma Rueda.
O ideal é deixar que a criança participe, mas que um adulto finalize a escovação. Não basta “ensinar”, é preciso verificar se foi feito corretamente.
Adiar a visita ao odontopediatra
A primeira consulta odontológica deveria acontecer antes do primeiro ano de vida.
Quando nascem os primeiros dentes, pode-se usar uma escova de cerdas muito macias ou um dedal de silicone para a higiene.
No entanto, muitos pais só consideram necessário ir ao dentista quando aparece algum problema.
A primeira consulta não é para realizar procedimentos invasivos, mas sim para educar pais e cuidadores sobre os cuidados com a saúde bucal do bebê.
As visitas devem acontecer a cada seis meses.
— Em crianças com alto risco de cáries, o ideal é ir a cada três meses — recomenda Rueda.
Muitos pais também ignoram sinais como sangramento durante a escovação ou manchas nos dentes.
— Se um dente começar a apresentar uma mancha branca, amarela ou marrom, ou uma pequena cavidade, é hora de marcar uma consulta. Doenças tratadas a tempo têm soluções mais simples — orienta a especialista.
Escolher qualquer creme dental
Nem todas as pastas dentais são apropriadas para crianças. Muitas fórmulas para adultos contêm concentrações de flúor não recomendadas para menores de 2 anos, além de sabores fortes que causam rejeição.
Se uma criança engolir creme dental de adulto, pode desenvolver fluorose — uma alteração na formação do esmalte dos dentes, que se manifesta como manchas ou descoloração.
Por isso, a doutora Rueda insiste no uso de produtos especialmente formulados para cada faixa etária, com sabores e texturas agradáveis, e em quantidades adequadas.
— Usar a escova do Patrulha Canina ou dos Vingadores faz muita diferença, porque motiva. Tudo deve ser adaptado à sua etapa e fazer parte da brincadeira — afirma.
Acreditar que o fio dental é só para adultos
O uso do fio dental deve começar assim que dois dentes tiverem contato entre si, o que pode acontecer a partir dos dois anos e meio.
Para facilitar, existem flossers infantis (fio dental com haste) em cores chamativas, sabores agradáveis e com personagens animados.
— É um hábito que também deve ser cultivado desde pequenos. Existem ferramentas projetadas para eles que facilitam esse processo — observa a doutora Rueda.
Além de prevenir cáries e malformações, uma boca saudável influencia diretamente na autoestima e no bem-estar geral da criança.
Para Rueda, educar sobre higiene oral desde a primeira infância não apenas forma bons hábitos, mas também ajuda a formar crianças mais confiantes, autônomas e saudáveis.
— Quando ensinamos uma criança a cuidar da sua boca brincando, estamos plantando autoestima e bem-estar a longo prazo — conclui.
Na saúde bucal, prevenir sempre será mais eficaz — e menos doloroso — do que remediar. E nesse processo, o papel dos pais não é secundário: é decisivo. Não basta cuidar, é preciso saber como cuidar.
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