O quadro “Sol Poente”, feito em 1929 por Tarsila do Amaral, é uma das obras de arte brasileiras mais disputadas para aparecer nos acervos de museus e galerias. Recentemente, a tela apareceu em lugar curioso da casa do ex-presidente do Itaú, Roberto Setubal.
A situação criou especulações diversas sobre uma possível venda do quadro avaliado em R$ 250 milhões e alvo de uma disputa judicial envolvendo sua verdadeira dona, Geneviève Boghici. Em entrevista à Folha, Geneviève negou qualquer tentativa de venda ou mesmo que o quadro tenha saído de sua proteção.
A confusão começou após uma postagem no ano passado nas redes sociais de Daniela Fagundes, ex-esposa do banqueiro, em que o quadro aparece no fundo da imagem, próximo ao chão, encostado na parede. O post foi apagado minutos depois da publicação.
A pintura de Tarsila atualmente pertence à viúva de Jean Boghici, um dos principais colecionadores de arte do Brasil. Porém, a obra foi alvo de um golpe organizado pela própria filha do casal, Sabine, no qual várias peças do acervo Boghici foram roubados num prejuízo estimado em R$ 725 milhões.
Embora tenha sido recuperado pela polícia, agora ele faz parte de uma ação relacionada à herança do colecionador. A Justiça pede para Geneviève indicar o paradeiro do quadro, bem como informar a totalidade da herança do marido para que seja realizado o inventário. “Sol Poente” não pode ser vendido ou exposto sem autorização da Justiça.
Além de Sabine, o casal teve outra filha, Muriel, que também possui direito à partilha dos bens. Sabine se suicidou há poucos anos, mas ela era casada com Rosa Stanesco, com quem tinha um filho adotivo — a Justiça alega, no entanto, que o registro consta apenas Rosa como mãe adotiva.
À Folha, Geneviève disse que o quadro está com ela, mas não comentou o local exato da obra. Sobre a postagem de Daniela Fagundes, a dona da obra afirmou que a imagem publicada era resultado de edição por inteligência artificial, visto que a tela sempre esteve com ela.
Já Fagundes declarou em outras publicações nas suas redes que a obra chegou à casa do ex-presidente do Itaú por meio da galeria Almeida & Dale, uma das mais influentes do país. Por sua vez, a galeria informa que não possui qualquer registro, documento, consignação ou operação envolvendo a obra “Sol Poente”.
Uma fonte contou à Folha que ofereceram a obra a Setubal e ela passou algum tempo em sua casa. No entanto, não seguiu com a aquisição devido à situação judicial conturbada.
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