Um 2025 marcante e de forte alta para o Ibovespa, ainda que o fim de ano tenha sido turbulento – o que dá também uma medida do movimento que deve acontecer em 2026.
Assim que o mercado vê o Ibovespa, que teve uma mínima ainda em janeiro na casa dos 118 mil pontos e uma máxima de 165 mil pontos no início de dezembro (antes de uma turbulência na mesma sessão por conta do ambiente eleitoral).
Durante o ano, o Ibovespa atingiu recordes históricos 32 vezes em 2025, o maior número desde 2019 (40 vezes). Antes disso, um movimento semelhante só havia sido visto em 2007, aponta a equipe de análise do banco Safra.
“À primeira vista, a sequência de recordes sugere um ambiente de euforia, mas isso não se alinha com outras métricas do apetite ao risco dos participantes do mercado: número de ofertas de ações, volume de negócios do B3, alocação de investidores locais e métricas de avaliação”, aponta o Safra.
O BB Investimentos também ressalta que a fotografia de 2025 mostra um desempenho extraordinário para a bolsa brasileira, com alta de mais de 30% em moeda local e cerca de 50% em dólares, posicionando o país como um dos destinos preferidos pelo capital estrangeiro entre os emergentes.
“O filme, contudo, revela um caminho não-linear, que tampouco se guiou pelas projeções mais conservadoras da virada do ano passado”, avalia.
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A equipe do BB-BI destaca que a guerra comercial ganhou contornos estendidos para além da relação Estados Unidos-China, acentuando os riscos associados à economia americana e global, com consequente enfraquecimento do dólar.
O Federal Reserve, por sua vez, teve (e ainda tem) o desafio de lidar com a inflação persistente, ao mesmo tempo em que a maior economia do mundo dava sinais de perda de dinamismo. No Brasil, as decisões de política monetária começam a surtir efeito, e a melhora nas expectativas de inflação, bem como o contexto internacional, abriram espaço para que os investidores passassem a precificar uma descompressão dos prêmios de risco embutidos na curva de juros.
“Notícia mais que bem-vinda para a bolsa, que sustenta seu bom desempenho em torno dos rumos da política monetária nos Estados Unidos e no Brasil’, destaca.
Contudo, no fim do ano, uma turbulência ocorreu no mercado, justamente na sessão em que o Ibovespa renovava mais uma vez as suas máximas, por conta das eleições, em meio à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, trazendo desânimo ao mercado por conta das menores perspectivas de mudança política.
Confira abaixo alguns motivos para a alta do Ibovespa em 2025 e as sessões mais marcantes do benchmark da Bolsa:
Por que o Ibovespa subiu em 2025?
1 – Alívio técnico
No início do ano, o mercado mostrava bastante pessimismo, com preços das ações significativamente baixos em comparação ao histórico. O múltiplo Preço/Lucro (P/L) do Ibovespa chegou a 6,8 vezes (x), muito abaixo da média dos últimos 15 anos, que é de 10,8x. Com a redução dos ruídos domésticos, houve uma descompressão do risco, favorecendo a recuperação dos preços.
2 – Preços atrativos e fundamentos sólidos
Muitas empresas brasileiras passaram a ser negociadas a múltiplos abaixo da média histórica, mas com fundamentos microeconômicos robustos, o que despertou o interesse dos investidores.
3 – Rotação de capital global
Em meio a um cenário de crescente incerteza nos Estados Unidos e um dólar mais fraco, houve uma migração de recursos para mercados emergentes, como o Brasil, em busca de melhores oportunidades.
4 – Início do ciclo de cortes de juros nos EUA
O cenário de redução das taxas de juros americanas contribuiu para um ambiente mais favorável ao investimento em ativos de maior risco.
5 – Alívio nas tensões comerciais
Avanços diplomáticos entre as lideranças do Brasil e China com os Estados Unidos, contribuíram para melhorar o humor dos investidores.
6 – Juros no Brasil
A projeção de cortes de juros ainda no primeiro trimestre de 2026 impulsionou as ações já em 2025. Historicamente, ciclos de corte de juros impulsionaram o Ibovespa (2003-07, 2016-20). “No recorte mais recente, o desempenho foi modesto, mas o novo ciclo pode gerar forte valorização”, avalia o BB-BI.
Quais foram as sessões de maior alta e maior baixa do índice?
Maior alta: +3,12% – 9 de abril
A sessão de maior alta do índice no ano – até o momento – foi o de 9 de abril, justamente por um dos grandes temas de 2025: as tarifas de Trump. Naquela sessão em específico, Trump anunciou uma pausa nas tarifas anunciadas anteriormente e que abalaram os mercados globais.
Maior baixa: -4,31% – 5 de dezembro
A sessão de maior queda do Ibovespa foi justamente na sessão quando o índice atingiu a sua máxima histórica intradiária, acima dos 165 mil pontos. O movimento de baixa ocorreu principalmente durante a tarde daquela sessão, com anúncio de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi escolhido pelo pai para ser candidato a presidente da República em 2026.
A leitura dominante foi de que o anúncio esvazia a expectativa, antes bastante presente entre investidores, de que Tarcísio de Freitas poderia se consolidar como uma alternativa competitiva ao atual governo em 2026. “Sem o apoio explícito de Bolsonaro, a probabilidade de Tarcísio optar pela reeleição em São Paulo aumenta, e isso reduz o campo para uma disputa presidencial equilibrada”, avaliou na ocasião o economista Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.
“A consequência prática é uma piora na percepção de governabilidade futura e, sobretudo, na capacidade de construção de um programa de ajuste fiscal a partir de 2027”, afirmou.
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