O que é “smurfing”, técnica citada por Dino ao autorizar operação contra líder do PL

A decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a deflagração da operação Galho Fraco, nesta sexta-feira (19), trouxe ao centro da investigação a prática conhecida como “smurfing”, apontada pela Polícia Federal como um dos métodos usados para ocultar a origem de recursos públicos desviados por meio de cotas parlamentares.

No despacho que embasou as medidas cautelares, Dino destaca haver “possível prática de lavagem de dinheiro, conhecida por ‘smurfing’, mediante o fracionamento de saques e depósitos em quantias não superiores ao valor de R$ 9.999,00”.

A técnica é usada para driblar os sistemas de controle do sistema financeiro, que exigem comunicação automática ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para operações consideradas atípicas ou de maior valor.

Na prática, o “smurfing” consiste em dividir grandes quantias de dinheiro em várias transações menores, realizadas de forma repetida e, muitas vezes, por pessoas diferentes. O objetivo é evitar alertas de monitoramento bancário e dificultar o rastreamento da origem dos recursos.

Em vez de uma única movimentação elevada, que chamaria atenção das autoridades, o dinheiro circula em pequenos valores, simulando operações rotineiras.

Segundo a Polícia Federal, esse padrão aparece de forma recorrente nas movimentações financeiras analisadas no caso. A decisão de Dino menciona “elevadas movimentações financeiras, de vários investigados, possivelmente ligados aos deputados federais citados, sem identificação da origem dos recursos”, o que reforçou a suspeita de uso deliberado da técnica para ocultar valores.

Para os investigadores, esse comportamento não é compatível com atividades econômicas regulares e aponta para uma estratégia organizada de dissimulação.

No contexto da operação Galho Fraco, o “smurfing” aparece associado a outros indícios considerados relevantes pelo STF, como o uso de empresas sem estrutura real para prestação de serviços pagos com cota parlamentar, conversas que sugerem pagamentos “por fora” e a atuação coordenada de servidores comissionados para viabilizar o desvio de recursos públicos.

Ao autorizar as buscas e apreensões, Dino afirmou que os elementos reunidos permitem, “ao menos em tese”, inferir a participação consciente dos investigados em uma engrenagem voltada à ocultação de valores de origem ilícita. A técnica do “smurfing”, segundo a decisão, não surge de forma isolada, mas integrada a um conjunto de práticas típicas de esquemas de lavagem de dinheiro.

A investigação segue em curso e busca aprofundar a identificação dos fluxos financeiros, dos beneficiários finais e da eventual participação direta dos parlamentares citados.

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