O JPMorgan atualizou suas estimativas para o setor de construção no Brasil e recomenda que os investidores permaneçam posicionados em ações de baixo múltiplo P/L (Preço sobre Lucro), como Cyrela (CYRE3), Eztec (EZTC3) e Tenda (TEND3), todas com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra). Como parte dessa tese, o banco elevou a recomendação da MRV (MRVE3) para de neutra para overweight.
Segundo o banco, esses papéis negociam abaixo de 6,0 vezes o lucro estimado para 2026 e devem apresentar desempenho superior no próximo ano, com potencial de valorização de cerca de 40% a 60%, apoiado por ventos macroeconômicos favoráveis. Entre esses fatores estão a redução da taxa Selic, com corte acumulado de 600 pontos-base (6 pontos percentuais) até o fim de 2027, segundo os economistas do banco, e a possível mudança de governo nas eleições presidenciais de outubro, cenário considerado positivo para os segmentos de média e alta renda.
Apesar de reconhecer a qualidade e a execução de Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3), o JPMorgan mantém recomendação neutra para ambas devido à avaliação mais elevada, em torno de 9,0 a 9,5 vezes o lucro estimado para 2026, e ao potencial limitado até os preços-alvo de dezembro de 2026. Ainda assim, para investidores mais cautelosos com o cenário brasileiro em 2026, esses nomes são vistos como defensivos por conta da maior exposição ao programa Minha Casa Minha Vida.
O banco elevou seus preços-alvo para dezembro de 2026 em cerca de 13%, refletindo a redução de aproximadamente 100 pontos-base no custo de capital das companhias. A ordem de preferência do JPMorgan no setor é: Tenda (TEND3), Cyrela (CYRE3), MRV (MRVE3), Eztec (EZTC3), Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3).
Tenda (TEND3)
A Tenda é a principal escolha do JPMorgan no setor, com recomendação de compra e elevou o preço-alvo de R$ 36,50 para R$ 39, sustentada pela forte exposição ao Minha Casa Minha Vida e pela avaliação atrativa. O banco vê potencial de alta de 64% até o preço-alvo de dezembro de 2026.
Há ainda risco positivo para os lucros, já que o guidance de 2026, entre R$ 520 milhões e R$ 600 milhões, é considerado conservador, incorporando provisões elevadas e inflação no orçamento de construção.
A ação negocia a cerca de 5,0 vezes o lucro estimado para 2026, abaixo de pares do segmento de baixa renda. Além disso, as perdas de sua subsidiária Alea devem diminuir ao longo de 2026, reforçando a tese de recuperação.
MRV (MRVE3)
O banco elevou a recomendação de neutra para compra, com preço-alvo passando de R$ 10,50 para R$ 12, refletindo uma expectativa de recuperação mais forte no próximo ano. O JPMorgan destaca resultados do terceiro trimestre acima do esperado, com nível recorrente anualizado de R$ 440 milhões, o que levou à revisão positiva das estimativas.
Para 2026, o banco espera guidance entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão, acima do consenso de R$ 708 milhões, além de forte geração de caixa livre com desinvestimentos da Resia. A ação negocia a cerca de 5,5 vezes o lucro estimado para 2026.
Cyrela (CYRE3)
Para o JPMorgan, a Cyrela é a melhor opção para capturar o ciclo de queda de juros, esperado para começar em março, e uma eventual mudança de governo em 2026, dada sua exposição aos segmentos de média e alta renda e execução considerada premium.
O banco também ressalta a diversificação do portfólio da companhia, com cerca de 40% do EBT (lucro antes de juros) dos últimos 12 meses vindo do segmento de baixa renda, além de ser o papel mais líquido da cobertura, com volume médio diário superior a US$ 35 milhões. A ação negocia a 5,9 vezes o lucro estimado para 2026, bem abaixo da média histórica de cerca de 11,5 vezes. Com isso, reiterou recomendação de compra e elevou o preço-alvo de R$ 40 para R$ 44.
Eztec (EZTC3)
A Eztec tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 20 sustentada por potencial de valorização de 41% e pela avaliação descontada, com P/L de 5,7 vezes para 2026, ao excluir R$ 3,50 do preço atual referentes ao valor esperado da Esther Tower.
O JPMorgan vê um possível re-rating do papel com notícias positivas sobre a locação e eventual venda da torre, estimada em R$ 1,5 bilhão a R$ 2,0 bilhões, o que deve ocorrer no segundo semestre de 2026 ou em 2027, além de melhora gradual do sentimento em relação à companhia.
Direcional (DIRR3)
O JPMorgan mantém recomendação neutra para a Direcional, refletindo a avaliação mais elevada em relação aos pares, com P/L estimado de 9,5 vezes para 2026, e potencial de alta limitado a 27% até o preço-alvo de dezembro de 2026. Apesar da execução considerada premium no segmento de baixa renda, o banco avalia que o histórico sólido e o menor risco operacional já estão incorporados na cotação. A companhia registrou margem bruta recorde de 42,1% no segundo trimestre de 2025, mesmo antes do impacto pleno da Faixa 4 do MCMV. Como fator positivo, o JPMorgan destaca possíveis desinvestimentos adicionais na subsidiária Riva, da qual a Direcional detém cerca de 85%, o que pode sustentar dividendos no médio prazo. A parceria com a XP na Direto, braço de serviços financeiros do grupo, também é vista como opcionalidade futura, mas ainda não incorporada ao valuation.
Cury (CURY3)
A recomendação neutra para a Cury é baseada exclusivamente em valuation relativo e menor potencial de valorização frente ao setor. O JPMorgan reconhece a execução consistente da companhia, que sustenta o maior ROE do setor e um histórico recorrente de pagamento de dividendos, com yield estimado em 7% para o próximo ano. Ainda assim, o banco avalia que, diante do ciclo de queda de juros e de um possível rearranjo político em 2026, investidores tendem a priorizar ações com múltiplos mais baixos. No curto prazo, os resultados devem continuar favorecidos pela forte exposição ao segmento de baixa renda, pelas mudanças recentes no MCMV, pela execução operacional superior e pela presença relevante na região do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, beneficiada pela nova lei de zoneamento.
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