A IA não é apenas uma nova ferramenta para o local de trabalho moderno; ela já está, de forma discreta, remodelando a maneira como algumas empresas se organizam. Companhias como Amazon, Moderna e McKinsey já estão eliminando camadas de gestão, trabalhando para achatar as organizações e implementando agentes de IA para automatizar tarefas rotineiras.
À medida que a IA reescreve o organograma corporativo, os humanos podem evitar parte do trabalho penoso da gestão, segundo líderes do setor que participaram da conferência Fortune Brainstorm AI.
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Atualmente, os gestores passam muito tempo atolados em ferramentas digitais e tarefas administrativas, disse Danielle Perszyk, cientista cognitiva do AGI SF Lab da Amazon: “Seja você um gestor ou um colaborador individual, está preso à tela do computador, e todos os aplicativos de produtividade que usamos estão, na verdade, minando nossa produtividade”.
Agentes de IA funcionando como “colegas universais” de trabalho e assumindo parte dessas tarefas poderiam ajudar os gestores a escapar desse ciclo, disse Perszyk, permitindo que se concentrem em estratégia.
Aashna Kircher, gerente-geral na diretoria executiva de RH da Workday, afirmou que isso poderia liberar o tempo dos gestores para outros tipos de trabalho. “O papel do gestor será muito o de coach, facilitador e diretor de trabalho em equipe, o que, teoricamente, sempre foi o papel”, disse ela.
Toby Roberts, vice-presidente sênior de engenharia e tecnologia da Zillow, disse que a mudança em direção aos agentes de IA pode alterar de forma fundamental a estrutura da gestão. Livrar-se das minúcias do dia a dia poderia permitir que gestores supervisionem equipes maiores, afirmou.
No entanto, à medida que a IA automatiza mais trabalho dos gestores, as empresas talvez precisem redefinir expectativas sobre o que significa gerir pessoas na era da IA.
“Historicamente, medimos a gestão pelo resultado das equipes, não necessariamente pelas qualidades humanas de ser um gestor”, disse Kircher. As organizações precisam criar “estruturas de responsabilização e incentivos que recompensem aquilo que será absolutamente crítico daqui para frente para líderes de pessoas”.
O que a IA não consegue fazer
A IA também pode ter efeitos negativos posteriores sobre as relações interpessoais se for usada em excesso ou de forma inadequada.
Quando gestores dependem demais da IA para trabalhos colaborativos, as organizações correm o risco de deteriorar a capacidade das pessoas de trabalhar juntas de maneira eficaz, disse Kate Niederhoffer, cientista-chefe e líder do BetterUp Labs.
“A percepção que os subordinados diretos têm de seus gestores piora quanto mais eles percebem que a IA e os agentes são usados em momentos de reconhecimento ou de fornecimento de feedback construtivo”, disse Niederhoffer. “As pessoas percebem que os humanos são melhores nessas tarefas empáticas e mais essencialmente humanas.”
Alguns gestores já enfrentam dificuldades com o lado emocional da liderança, com muitos se tornando “gestores acidentais” — funcionários promovidos por seus talentos profissionais, e não por habilidades interpessoais.
Mas a “empatia sintética” da IA — mesmo quando é, às vezes, mais consistente do que as interações humanas — não é a resposta, disse Stefano Corazza, chefe de pesquisa em IA da Canva.
“Quanto mais IA existe, mais a autenticidade é valorizada”, afirmou. “Se o seu gestor realmente demonstra que vai dedicar tempo a você e que se importa, isso faz muita diferença.”
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