Fluxo global impulsiona Ibovespa em 2025, apesar dos juros, diz trader da Clear

Apesar do ambiente de juros elevados no Brasil, o desempenho do Ibovespa em 2025 tem surpreendido investidores ao superar diversas classes de ativos. Ainda assim, segundo analistas, esse movimento não ocorre por acaso e está ligado a fatores estruturais e ao fluxo global de capitais.

Nesse contexto, durante o evento Profit Summit, o economista, analista, trader e influenciador da Clear Corretora, Rafael Perretti, concedeu entrevista ao InfoMoney e detalhou sua leitura sobre a performance da Bolsa brasileira, os riscos à frente e as oportunidades que começam a se desenhar no horizonte.

Bolsa descontada e fluxo estrangeiro

Inicialmente, Perretti explica que o Ibovespa passou anos andando de lado após a recuperação pós-pandemia, o que deixou os preços bastante descontados em relação a outros ativos. Além disso, esse cenário abriu espaço para um movimento global de realocação de capital, favorecendo mercados emergentes com juros elevados.

Nesse sentido, o analista observa que esse fluxo não é exclusivo do Brasil e ocorre em diversas economias emergentes. “2025 é pautado por esse alto ingresso de capital estrangeiro, por essa perspectiva de um trade global, mas também com o otimismo que a gente tem em relação a 2026 ao cenário de corte de juros”, explica.

Além disso, o economista destaca que o patamar atual da Selic é historicamente elevado e não era visto desde meados de 2006. Contudo, apesar do custo financeiro alto no curto prazo, o mercado já começa a precificar um cenário mais favorável adiante.

Nesse contexto, a expectativa de início do ciclo de cortes de juros em 2026 acaba funcionando como um vetor adicional de otimismo para a Bolsa. “Então, isso traz um otimismo para a bolsa”, observa.

Além do fluxo estrangeiro e da perspectiva monetária, outro ponto relevante citado por Perretti é o comportamento técnico do Ibovespa. Ao longo de 2025, o índice acumulou uma sequência expressiva de rompimentos de máximas históricas, algo que não era visto desde ciclos anteriores de alta.

Para o analista, esse padrão reforça a leitura de que o mercado pode estar inserido em um movimento estrutural mais amplo. “A gente teve mais de 40 rompimentos de topo histórico. A última vez que aconteceu isso foi lá em 2019 e a bolsa se encontrava dentro de um ciclo de alta”, afirma.

Curto prazo pede cautela e médio longo seguem altistas

Apesar do viés construtivo, Perretti adota uma postura mais cautelosa no curto prazo. Afinal, após uma valorização intensa nos últimos meses, o mercado pode precisar de ajustes técnicos antes de retomar o movimento.

Segundo ele, correções fazem parte do processo e não invalidam a tendência principal. “O Ibovespa subiu muito nos últimos quatro meses. Então, eu acho que no curto prazo ele precisa de uma correção ainda”, alerta.

Por outro lado, quando o horizonte se alonga, o economista mantém uma visão otimista. O principal argumento continua sendo a combinação entre possível queda dos juros e melhora gradual das condições macroeconômicas, desde que alguns riscos sejam endereçados.

Nesse sentido, Perretti reforça que o cenário-base ainda favorece ativos de risco. “Olhando a médio e longo prazo, ainda sigo otimista em relação ao Ibovespa, principalmente pautado nesse cenário de corte de juros, nesse cenário mais otimista”, conclui.

Riscos fiscais e eleitorais no radar

Ainda assim, o analista faz questão de ressaltar que esse otimismo não é incondicional. Dois fatores, em especial, exigem atenção constante dos investidores: a corrida eleitoral de 2026 e o nível de endividamento público.

Para ele, ambos estão diretamente interligados e podem alterar significativamente as expectativas do mercado. “O otimismo para durar um, dois anos de alta está muito atrelado à disputa eleitoral de 2026 e ao endividamento público, então a gente precisa ficar atento nessas questões”, alerta.

Small caps ainda descontadas

Por outro lado, quando o foco se desloca para oportunidades específicas dentro da Bolsa, Perretti chama atenção para a assimetria entre grandes empresas e companhias menores. Enquanto as blue chips lideraram a alta recente, o índice de small caps segue bem abaixo de suas máximas históricas.

Na avaliação do analista, isso pode abrir espaço para ganhos relevantes em um eventual novo ciclo de alta. “Eu vejo que o índice de small cap ainda segue extremamente descontado e, se realmente a gente passar por um ciclo de alta, a depender da eleição de 2026, para mim é o índice que tem o melhor upside, a melhor oportunidade”, observa.

Setor educacional ganha destaque

Por fim, ao olhar para setores específicos, Perretti aponta o educacional como uma aposta mais agressiva para o médio prazo. O segmento sofreu no pós-pandemia e foi pressionado pelo aumento do endividamento em um ambiente de juros altos.

Contudo, com maior controle financeiro e a perspectiva de queda da Selic, algumas empresas podem apresentar melhora relevante nos resultados. “Se eu tivesse que fazer uma aposta num setor mais agressivo, vamos dizer assim, seria o setor educacional”, menciona.

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