A Altis, fintech especializada em fornecer infraestrutura de crédito para o setor automotivo, fechou a captação de seu primeiro Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), no valor de R$ 50 milhões.
O fundo foi estruturado pela companhia de investimentos global Galapagos Capital e a primeira emissão vai reforçar a carteira de financiamentos de veículos originados pelas concessionárias e lojistas parceiros da Altis, com desembolsos previstos ao longo de 2026.
A Altis conta hoje com uma rede de 180 revendas credenciadas, já originou R$ 10 milhões em créditos e seu plano estratégico prevê a expansão gradual do FIDC, podendo chegar a até R$ 300 milhões em dois anos, acompanhando o crescimento da base de parceiros.
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A Altis foi fundada por ex-executivos da Kavak, do Mercado Livre e da Creditas e usa um modelo tecnológico que permite transformar lojistas e concessionárias em originadores diretos de crédito. A proposta da fintech é permitir que as revendas recebam uma margem maior do financiamento, que hoje fica com os bancos tradicionais, além de oferecer o crédito de forma integrada, rápida e com mais facilidade.
Busca por preço menor
Para Luiz Bettega, co-fundador da Altis, mesmo com juros altos, o mercado de financiamento de automóveis não parou este ano. “Claro que houve desaceleração, principalmente nos financiamentos de maior valor, mas nada abrupto”, diz.
Segundo ele, o consumidor se adaptou: passou a buscar carros mais baratos, dar mais entrada e encurtar os prazos. O crédito ficou mais criterioso, com mais atenção à renda e ao risco, com aumento da entrada, por exemplo.
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Carros novos sofreram
Os modelos usados e seminovos, principalmente até cinco ou sete anos, foram os que melhor performaram, afirma Bettega. Carros de marcas populares e menor ticket dominaram as operações. Já os veículos novos sofreram mais com o juro alto, exceto em casos específicos, em que as montadoras entraram com campanhas e subsídios, explica.
“Isso reforça o quanto o mercado de seminovos continua sendo o principal motor do crédito hoje”, diz.
Prazo menor, mas inadimplência controlada
Ele explica também que o prazo médio de financiamento mudou e vem caindo. “O mercado saiu daqueles prazos longos de 48 a 60 meses e hoje trabalha mais entre 36 e 48 meses”, diz. Isso deixa a parcela mais equilibrada, reduz risco e melhora a qualidade da carteira no longo prazo.
Já a inadimplência aumentou, mas de forma controlada, avalia Bettega. Ela aparece principalmente nas faixas de menor renda, em contratos mais antigos, feitos antes do crédito apertar de vez, em operações com entrada baixa e prazos longos.
Para lidar com isso, Bettega diz que a Altis foi ajustando o modelo ao longo do tempo, pedindo mais entrada, encurtando prazos, usando mais dados, score comportamental e camadas antifraude. E acompanhando a carteira de perto, com atuação preventiva. “A ideia é simples: equilibrar a taxa de conversão com uma operação saudável para todos os nossos parceiros”, diz.
Maior automação nas revendas
Bettega vê um aumento da automação das concessionárias e revendas, com um movimento claro de profissionalização. “As revendas estão usando plataformas digitais de crédito e automatizando propostas e aprovação, comparando ofertas em tempo real”, diz o empresário. “Isso é mais forte nos grupos maiores, mas já está chegando forte também nas revendas menores — especialmente as focadas em seminovos.”
Para o ano que vem, Bettega diz que a expectativa é boa para o mercado de financiamento de automóveis, ainda que de forma gradual. “Com os juros começando a cair, o crédito tende a ganhar tração de novo: os tíquetes sobem, o consumidor aceita um pouco mais de prazo e o volume volta a crescer”, explica.
Segundo ele, devem se beneficiar mais veículos novos, usados e seminovos de maior valor e revendas que estejam bem-organizadas, com tecnologia e controle de risco. “É aí que a Altis entra, como parceira de longo prazo, que coloca capital, tecnologia e inteligência de crédito na mesa, atuando como sócia da operação”, diz.
Bettega diz que o foco da Altis em 2026 será ampliar a base de 180 credenciadas, trazendo grupos menores e revendas independentes, principalmente de seminovos. “A ideia é atuar mais próximo do parceiro, não só financiando, mas ajudando a aumentar a rentabilidade a cada contrato”.
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