
Presente na maioria das bebidas energéticas, a taurina pode não ser o ingrediente poderoso para a longevidade que muitos imaginam. Um novo estudo dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostrou que os níveis do aminoácido no sangue não estão relacionados de forma consistente com o processo de envelhecimento.
A pesquisa analisou mostras de sangue de humanos, macacos e camundongos para detectar os níveis de taurina em diferentes momentos da vida. Para surpresa dos pesquisadores, a quantidade da substância se manteve estável ou até aumentou com a idade, algo que se repetiu em todas as espécies investigadas.
O estudo, publicado na revista Science, também não encontrou correlação entre os níveis de taurina e desfechos de saúde favoráveis. A variação da substância do sangue não mostrou influência em aspectos como a força muscular ou o peso corporal durante o envelhecimento.
Isso aponta que os efeitos do aminoácido no corpo são mais complexos do que a associação direta entre quantidade e sua ação benéfica. Fatores como genética, dieta e ambiente podem influenciar como a taurina age no corpo humano (e de outros animais).
O crescimento recente de popularidade da taurina vai além de suas alegadas propriedades em bebidas energéticas. Estudos com camundongos e vermes mostraram que ela pode estar associada a um envelhecimento mais lento ou o prolongamento da longevidade. Mas cientistas alegam que as evidências clínicas em humanos são insuficientes.
Mito derrubado
No novo trabalho, os pesquisadores mediram a concentração de taurina em amostras de sangue de participantes do Estudo de Envelhecimento Longitudinal de Baltimore, com idades entre 26 e 100 anos. Também analisaram material de macacos rhesus e camundongos.
As concentrações de taurina nas amostras aumentaram com a idade em quase todos os grupos, com exceção dos camundongos machos, que mantiveram os mesmos níveis. Os resultados repetiram os de dois outros estudos com humanos, realizados na ilha espanhola de Maiorca e na cidade de Atlanta, Geórgia, nos EUA.
Os pesquisadores descobriram que a relação entre taurina e força muscular ou peso corporal era inconsistente. Ao comparar a presença da substância com a função motora, eles concluíram que desempenhos físicos baixos podiam estar relacionados com concentrações altas ou baixas do aminoácido no sangue.
Para que serve
A taurina é um aminoácido considerado não essencial, ou seja, o corpo humano saudável consegue produzi-lo em quantidades suficientes. Mas alguns preferem classificá-lo como “condicionalmente essencial”, já que existem situações em que a produção pode ser insuficiente, como em pessoas com doenças metabólicas e hepáticas e em recém-nascidos prematuros.
Ela tem uma concentração maior no organismo em órgãos como cérebro, os olhos, o coração e nos músculos. A dieta oferece algumas boas fontes de taurina, como carnes, frutos do mar e laticínios. Pessoas que consomem uma dieta vegetariana ou vegana têm menos ingestão do aminoácido pela alimentação, mas ainda assim a probabilidade de terem níveis baixos da substância é pequena, já que o fígado consegue produzi-la a partir de outros aminoácidos.
Entre suas funções no organismo estão a de regular o volume celular e a pressão osmótica, modular o cálcio no interior das células, promover a proteção cardiovascular e neurológica e combater a oxidação.
Sua fama como ingrediente dos energéticos deve-se à suposta ação sinérgica com a cafeína, equilibrando no cérebro seu efeito estimulante. Estudos em atletas também sugerem que a taurina pode aumentar a resistência, melhorar o tempo de reação e reduzir a fadiga muscular. Porém, esses benefícios não constituem um consenso científico, e alguns pesquisadores apontam um peso grande do marketing nessas alegações de saúde.
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