Todos os dias, 10 idosos cometem suicídio na Coreia do Sul, segundo um estudo publicado na Revista da Associação Médica Coreana. Esse número coloca o país asiático no topo do ranking de suicídios entre pessoas mais velhas nos países da OCDE. A sociedade sul-coreana é considerada “super envelhecida”, já que mais de 10 milhões de pessoas no país têm 65 anos ou mais, o que representa um quinto da população total.
Entre os desafios enfrentados pelos idosos sul-coreanos, muitos estão ligados à saúde mental. Preocupadas, as autoridades locais começaram a incentivar soluções tecnológicas para a população idosa, como a Hyodol.

Trata-se de uma boneca feita de pano e metal, equipada com um sistema de inteligência artificial que oferece funcionalidades semelhantes às de uma casa inteligente. A boneca é entregue a idosos que vivem sozinhos e está conectada a um aplicativo e a uma plataforma de monitoramento online, aos quais familiares e cuidadores têm acesso.
A boneca funciona de duas maneiras. A primeira é prática: lembra os idosos de tomar remédios, emite alertas de emergência e permite que assistentes sociais registrem diariamente informações como horários das refeições.
A segunda — e talvez mais importante — é emocional. A boneca responde a toques na cabeça ou aperto de mão, oferece música e exercícios cognitivos. Com a voz de uma criança de 7 anos, a Hyodol conversa com os idosos, chamando-os de vovô ou vovó e dizendo frases como “estive esperando por você o dia todo” quando a pessoa retorna para casa.

“O design fofo e reconfortante da Hyodol foi fundamental para sua eficácia”, explicou Jihee Kim, CEO da empresa que produz as bonecas, à CNN. “A aparência infantil facilita a criação de laços e o estabelecimento de confiança com os idosos. Sua fofura reduz a curva de aprendizado para eles, que muitas vezes não são muito familiarizados com tecnologia”, completou.
Até novembro de 2025, 12 mil Hyodols já haviam sido distribuídas para idosos por meio de programas governamentais. Cerca de outras mil foram adquiridas diretamente por famílias de idosos que vivem sozinhos. Cada boneca custa 1,3 milhão de won, aproximadamente R$ 4.800.
Eficácia e questionamentos
Por um lado, cuidadores e pesquisadores identificaram benefícios claros no uso da boneca robô. Um estudo de 2024 analisou 69 pessoas que viviam com a boneca e concluiu que elas apresentaram redução nos sinais de depressão e melhoras cognitivas.
Por outro lado, há críticas ao uso dessas bonecas, que alguns especialistas e idosos classificam como uma forma de infantilização, reduzindo a dignidade e autonomia das pessoas idosas.
Bolão Mega da Virada: Quanto custa? Dá para apostar com desconhecidos? Tire dúvidas
Confira prazos, formas de participação, cuidados com golpes e dicas para organizar ou entrar em bolões oficiais da Caixa e lotéricas
Camisa rasgada de Maradona bate recorde e é vendida por mais de R$ 700 mil em leilão
Item usado pelo argentino na tumultuada final entre os catalães e Athletic Bilbao supera valores anteriores
Também existem questões relacionadas à relação entre humanos e inteligência artificial. A própria CEO da Hyodol relatou à CNN o caso de uma mulher que batizou sua boneca-robô com o nome de sua filha falecida. Essa senhora passou a evitar sair de casa e socializar para passar mais tempo com a boneca. “Hyodol não é para todo mundo”, afirmou Kim.
Embora recente, a Hyodol não é a primeira iniciativa desse tipo. Já há alguns anos, ganhou repercussão no Japão a foca robô de pelúcia PARO, que, embora não verbal, tem o objetivo de fazer companhia e promover conforto, especialmente a idosos.
Tanto a boneca-robô quanto a foca de pelúcia estão em ascensão. Pesquisas indicam que o mercado de robôs para idosos deve atingir US$ 7,7 bilhões até 2030 (equivalente a cerca de R$ 42 bilhões).
The post Coreia do Sul aposta em “bonecas robô” para combater suicídio e solidão entre idosos appeared first on InfoMoney.
