Como a B3 tem se preparado para o novo ciclo do mercado em 2026?

Bolsa de Valores Brasil Balcão (B3)

2026 será o ano de preparar como e com quais produtos a B3 chegará a um novo ciclo favorável esperado no cenário macroeconômico, após esperado início do afrouxamento do ciclo de política monetário.

“A estratégia da B3 não mudou, seguimos focando no nosso core business. Negócios de mercados no Brasil ainda têm muito o que crescer e continuamos com essa consistência”, afirma Gilson Finkelsztain, CEO da B3, no B3 Day 2025, evento que reuniu investidores e imprensa nesta terça-feira (16) sobre perspectivas da companhia para 2026.

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“Não controlamos cenário, nem questões macro, estaremos aqui em qualquer governo. Temos uma perspectiva muito mais otimista para 2026-27”, diz.

Como explica a diretoria, a operadora da Bolsa opera entre dois grupos de receita: recorrente e pró-cíclico. Na vertical de receitas recorrentes, estão frentes como renda fixa & crédito, empréstimos de ativos, soluções para mercados de capitais, soluções analíticas de dados e tecnologia e plataformas.

Já as receitas pró-cíclicas são constituídas de entradas via renda variável e derivativos listados. Para cada uma delas, há desafios diferentes em 2026, como potencializar mercados (na frente pró-cíclica) e e ampliar fontes de receitas, em renda fixa, duplicatas estruturais e demais produtos, nas receitas recorrentes.

“A curiosidade é que os dois negócios apresentaram crescimento muito similar ao longo de 2015 a 2025”, diz. Sobre o mercado de ações, o CEO afirma ser claro que há uma sensibilidade negativa invertida de receitas em relação à taxa de juros.

“É o mercado que mais sofre em períodos de taxa elevada no Brasil” diz. “O nosso desafio é garantir que, nesse período, a gente continue inovando dentro da família de renda variável”, afirma, preparando a companhia para um novo ciclo de crescimento que parece estar se aproximando.

Renda variável

Na renda variável, o CEO afirma que não há uma tese fechada de quanto é possível antecipar de crescimento em uma taxa de juros mais baixa. No entanto, segundo a B3, a descompressão de indicadores com cenário mais favorável somada a expansão de base de investidores de varejo inspiram confiança no crescimento de volume no próximo ciclo.

“Temos hoje um varejo mais engajado, mas pouco ativo no mercado de renda variável”, diz. Nas projeções da B3, se o engajamento de pessoas físicas aumentar, é possível observar forte crescimento de ADTV (Average Daily Trading Volume, ou Volume Médio Diário Negociado).

A operadora da Bolsa também realizou simulações sobre potencial aumento de alocação de investidores estrangeiros, que está num patamar historicamente baixo, segundo a B3.

“Há uma percepção de que a bolsa está barata e que podermos observar maior alocação de estrangeiros”, diz. Se o estrangeiro realocar para Brasil, o crescimento do ADTV também seria significativo.

O cenário de fundos de ações e multimercados também é especialmente impactado negativamente pelas taxas de juros mais elevadas. A indústria sofre atualmente com resgates e competição com fundos de renda fixa.

O aumento de ADTV fica presente no três movimentos, juntos: maior investimento do investidor estrangeiro, maior presença de investidores institucionais via fundos e maior engajamento de Pessoas Físicas.

Derivativos

Para derivativos, a visão do CEO é que há impacto do cenário econômico, mas que é suavizado pela natureza defensiva de algumas operações, lançamentos de produtos e a própria tarifação.

O número de investidores de varejo em derivativos teve forte crescimento nos últimos anos, saindo de 250 mil para 311 mil. Ainda assim, o mercado brasileiro fica muito atrás de números de outros países, como Índia (primeiro colocado), EUA e Coreia do Sul.

O mercado brasileiro de derivativos é um dos maiores do mundo e a presença de formadores de mercado reforça isso e se apresenta como essencial para que haja crescimento no próximo ciclo. Em 2019, o mercado brasileiro ainda era muito concentrado em contratos de juros e câmbio, mas desde então foram criados novos produtos para a indústria.

“As receitas mais recorrentes sofrem menos no longo prazo”, afirma, considerando que cresceram 2 dígitos anualmente desde 2012, de forma constante.

“Reforçamos muito da nossa visão estratégia e conseguimos ter dentro da companhia equilíbrio robusto entre receitas cíclicas e receitas não cíclicas”, diz.

Renda fixa

Para Luiz Masagão, VP de produtos e clientes da B3, na frente de Renda Fixa, a digitalização da operação para títulos públicos é uma das conquistas de 2025 na B3 e que ainda é pequena no Brasil. O mercado de crédito privado em expansão, mas que ainda enfrenta desafios estruturais.

“Já tivemos dias de quase R$ 20 bilhões sendo negociados”, afirma. Sobre os desafios, há foco em crescimento de ofertas e da volumetria, no mercado primário.

Sobre duplicatas escriturais, a operacionalização será entendida em 2026 e a obrigatoriedade das empresas passa a acontecer empresas com faturamento mínimo de R$ 300 milhões em 2027.

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