Com juro alto, SPX vê oportunidades além da renda fixa e crê em portfólio equilibrado

Apesar da recente volatilidade econômica e das incertezas no cenário doméstico, o CEO da SPX Capital, Bruno Marangoni, vê espaço para oportunidades no mercado brasileiro e reforça a importância da diversificação em tempos de juros elevados.

“Tem muita oportunidade por aí – bons ativos ‘largados’ na bolsa, boas empresas, fundos imobiliários e de infraestrutura descontados. É bom manter um certo nível de diversificação no portifólio”, afirmou Marangoni em entrevista ao InfoMoney, ao defender que os investidores olhem além da renda fixa.

A SPX foi destaque na Premiação Outliers InfoMoney, que reconheceu os destaques do mercado em 16 categorias, com quatro conquistas. A gestora levou o primeiro lugar na categoria melhor fundo de previdência de renda variável; segundo lugar como gestora do ano e melhor fundo de ações; e terceiro lugar como melhor fundo de previdência multimercado.

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O executivo também alertou para o risco de análises excessivamente influenciadas pelo momento. “É preciso cuidado para não perpetuar demais as análises, acreditar que o juro alto veio para ficar e que não vale a pena ter produtos que não sejam renda fixa”, disse, ao defender um portfólio equilibrado e a busca por bons produtos e gestores.

A SPX, segundo ele, procura desenvolver fundos com mandatos flexíveis justamente para lidar com o caráter cíclico da economia brasileira, evitando amarras estratégicas que limitem a capacidade de adaptação ao ambiente de mercado.

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Confira abaixo a entrevista concedida por Bruno Marangoni, CEO e membro do Conselho de Administração da SPX Capital:

InfoMoney: Para começar, pode contar sobre a trajetória da SPX Capital e as verticais em que a gestora atua?

Bruno Marangoni: A SPX está completando 15 anos. É uma gestora fundada por sócios que trabalham juntos há mais de 25 anos. São profissionais que tiveram bastante sucesso na tesouraria de um banco e, naturalmente, começamos com os fundos multimercado. Dois anos depois, com a entrada do Leonardo Linhares, iniciamos uma vertical de ações. Destaco dois grandes passos na nossa história: a partir de 2016, começamos a internacionalização, com escritórios em Londres, depois nos Estados Unidos, Singapura, Portugal… Hoje, somos uma gestora brasileira com presença global. E, desde 2019, iniciamos a diversificação da grade de produtos — primeiro com uma vertical de crédito, depois com a vertical imobiliária e, por fim, a vertical de private equity. Nos posicionamos como uma gestora com produtos arrojados, sofisticados e alto valor agregado. Temos estrutura robusta, times grandes e independência total, funcionando no modelo de partnership desde o início, com alinhamento de interesses: os sócios investem nos próprios fundos da casa.

IM: Quais são as ambições estratégicas da SPX para os próximos anos? A casa tem planos de expansão internacional, novas estratégias em desenvolvimento ou mesmo iniciativas para ampliar o acesso do investidor a produtos sofisticados, por exemplo?

BM: Para os próximos anos, nossa meta é consolidar tudo o que criamos recentemente – tanto a nossa presença no exterior quanto as verticais mais novas. Recentemente, contratamos diversos times de gestão em Nova York e Singapura, e pretendemos continuar expandindo nesses mercados e nos aproximando dos investidores lá fora. Apesar da volatilidade e incerteza no Brasil, temos visto um interesse crescente de investidores estrangeiros pelos nossos produtos e pela SPX como referência de Brasil. Nossa ideia é continuar ampliando essa base internacional e, ao mesmo tempo, fortalecer ainda mais a base relevante que já temos aqui no Brasil. Por ora, não temos planos de novos negócios. Estamos muito focados no desenvolvimento do que já construímos, especialmente nas verticais de crédito e imobiliária, nas quais ainda temos muito por fazer.

IM: Como funciona o processo de concepção e desenvolvimento de novos produtos na SPX? Quais critérios são priorizados na hora de tirar uma ideia do papel?

BM: Nossos fundos são reconhecidos no mercado por serem mais sofisticados e arrojados que a média. Buscamos sempre estar na vanguarda em termos de desenvolvimento. Como temos uma regra rígida de investimento dos sócios nos próprios fundos, geralmente somos nós mesmos que fazemos a cota 1 dos produtos, e o partnership da SPX é o primeiro teste de viabilidade de qualquer novo fundo. O processo costuma começar com demandas vindas das áreas comercial e de relação com investidores — quem está na linha de frente conversando com os investidores. Mas temos muito cuidado com essas demandas, porque o investidor costuma olhar o curto prazo, a performance recente. Tentamos filtrar bem essas demandas para criar produtos que sejam o mais atemporais possível, com mandatos flexíveis, porque o Brasil é um país muito cíclico, com muita volatilidade econômica. Se criarmos um produto com pouca flexibilidade, acaba ficando amarrado diante de ciclos que mudam muito rápido. A Selic era 2% outro dia, e só se falava de ações e alternativos, ninguém queria falar de crédito. Depois foi para quase 15%, e todo mundo só quer saber de renda fixa isenta. Então, buscamos sair desse ‘barulho’ e olhar mais à frente. E, por fim, buscamos sempre definir o preço certo para cada fundo — taxas compatíveis com o nível de risco e retorno potencial.

IM: Falando agora sobre a participação da SPX na premiação Outliers InfoMoney. A casa se destacou em quatro categorias, sendo uma delas a de gestora do ano, na qual a SPX ficou em segundo lugar. Qual é o diferencial que contribuiu para a gestora se destacar nessa categoria?

BM: Ficamos muito felizes com esses prêmios, especialmente depois de um ano tão desafiador como foi 2024. Conseguimos entregar resultados muito bons, e esse reconhecimento é, sem dúvida, motivo de satisfação. Mas, no final do ano, o taxímetro zera e precisamos começar tudo de novo — se destacar novamente no ano seguinte. Esse é um mercado que exige consistência. Mais importante do que ganhar o prêmio é estar presente todos os anos, entre os melhores, participando do maior número possível de categorias. Conseguir prêmios em diferentes verticais mostra que estamos fazendo um bom trabalho de forma ampla. Fomos reconhecidos nas verticais de multimercado e ações, e nossos fundos de crédito também tiveram desempenho muito positivo. Foi uma performance sólida em toda a gestora.

Acredito que nossos diferenciais estão na cultura muito forte de partnership, com meritocracia e um alinhamento de interesses genuíno entre os sócios e os investidores. Os sócios investem uma parcela relevante do próprio patrimônio nos fundos da casa e trabalham juntos há mais de 25 anos. Também destaco nossas equipes de gestão — muito robustas, em geral maiores do que a média do mercado — e exclusivas por vertical, com políticas de remuneração próprias e foco total nas suas estratégias. Além disso, nossa presença global, com gestores e economistas em diversos escritórios no exterior, nos posiciona de maneira diferenciada e mais próxima dos mercados internacionais.

IM: Passando agora para os fundos, a SPX se destacou em dois fundos de previdência: ganhou como melhor fundo de previdência de renda variável com o fundo SPX Long Bias Prev e em terceiro lugar na categoria melhor fundo de previdência multimercado com o fundo SPX Lancer Prev. Os dois são fundos de previdência, mas, na prática, qual a diferença entre eles? Pode detalhar também qual o diferencial desses fundos e a estratégia adotada na alocação de cada um deles?

BM: Esses dois prêmios vieram dentro do universo de previdência, onde atuamos desde 2018. Sempre buscamos levar sofisticação para esse mercado, sair do básico. Fomos, por exemplo, a primeira gestora a lançar um fundo de previdência com investimento no exterior. Hoje temos produtos de previdência nas três grandes verticais: ações, multimercado e crédito. O Long Bias Prev é um fundo de ações com abordagem fundamentalista micro, mas também com sobreposição macro. Ele segue a estratégia do Falcon, nosso fundo mais tradicional de ações, com 13 anos de histórico. O diferencial está no mandato flexível, que permite ajustar a exposição à volatilidade econômica do Brasil — comprar ou vender ações e ter posições em outros mercados, como juros, commodities e crédito. Essa é a grande graça desse fundo dentro do universo de previdência.

Já o Lancer é nosso fundo de previdência mais antigo, desde o início de 2018. É um multimercado tradicional, que atua com juros, moedas, ações, commodities e segue à risca a estratégia de mercado tradicional da casa, mas, nesse caso, com um pouquinho menos de risco e volatilidade.

IM: A SPX levou para casa ainda o troféu de segundo lugar entre os melhores fundos de ações com o fundo SPX Falcon. Por que, na sua avaliação, esse fundo se destacou na premiação? O que torna ele atrativo?

BM: O Falcon é nosso carro-chefe na vertical de ações. É nosso maior e mais antigo fundo nessa classe, com cerca de 13 anos de histórico consistente e uma volatilidade bem abaixo da bolsa. Isso resulta numa relação risco-retorno muito boa. O primeiro destaque vai para a equipe de gestão: um time grande, experiente, exclusivamente dedicado aos fundos de ações. Outro ponto é o mandato long bias – ou ‘viés comprado’, em português —, que traz flexibilidade para ajustar a exposição à bolsa e ter short em ações (operar vendido) e incluir outros fatores como juros e commodities, inclusive investir no exterior. É isso o que torna esse produto especial, a mistura de toda a expertise de análise de empresa do time com o DNA macro da casa de definir melhor o risco do fundo.

IM: Para fechar: quais são as principais oportunidades para o investidor atualmente, e qual sua dica para aproveitá-las?

BM: Eu não destacaria uma oportunidade específica agora, mas sim a importância de ter um portfólio equilibrado, não ‘colocar todos os ovos na mesma cesta’, como costumamos falar. Acabamos de atravessar uma grande volatilidade econômica, com a Selic indo de 2% para quase 15%. Isso desorganiza o sistema e tira a visão de longo prazo do investidor. É preciso cuidado para não perpetuar demais as análises, acreditar que o juro alto veio para ficar e que não vale a pena ter produtos que não sejam renda fixa. Tem muita oportunidade por aí – bons ativos ‘largados’ na bolsa, boas empresas, fundos imobiliários e de infraestrutura descontados. É bom manter um certo nível de diversificação no portifólio. E bons gestores e bons produtos precisam fazer parte de qualquer carteira. Esse ano tem muita gente surpresa com a bolsa, muitos investidores sofisticados, inclusive os institucionais, estavam pouco alocados em bolsa e estão surpresos com a força do mercado este ano. Agora começam a se questionar se não estavam com muitas fichas na renda fixa, em produtos isentos, e se não está na hora de tomar um pouco mais de risco.

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