
O ataque de Israel contra o Irã na última sexta-feira (13), horário local, revelou a presença antecipada da agência de inteligência israelense, o Mossad, na região, que teve 100 alvos atingidos. Autoridades de segurança de Israel afirmaram que houve o contrabando de armas para dentro do Irã antes dos ataques, e que elas seriam usadas para atingir as defesas iranianas a partir de dentro.
Israel também conseguiu estabelecer uma base para lançar drones explosivos dentro do Irã, usados para atacar lançadores de mísseis nos arredores de Teerã, capital iraniana. Armas de precisão também foram contrabandeadas e utilizadas para atingir sistemas de mísseis, permitindo que a Força Aérea iraniana concluísse a primeira onda de ataques.
Além disso, Israel afirmou também que todas as suas aeronaves retornaram em segurança, demonstrando ter uma possível superioridade aérea em relação ao Irã. A precisão dos ataques, que resultaram na morte de nove cientistas e especialistas do programa nuclear iraniano, foi consequência de informações obtidas pelo Mossad, que tinha espiões pelo território.
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Em uma demonstração rara, a agência de inteligência israelense divulgou vídeos de algumas operações, que mostravam drones atacando o que parecem lançadores de mísseis desavisados. As ações fizeram o Mossad parecer uma força praticamente imparável no Irã, que, segundo o representante iraniano na ONU, Amir Saeid Iravani, levou 78 pessoas a morte e deixou outras 320 feridas.
“O Mossad tem tratado o Irã como seu quintal há anos”, disse a pesquisadora Holly Dagres, do Washington Institute, e curadora do boletim Iranist. “De assassinatos de cientistas nucleares importantes a sabotagens em instalações nucleares iranianas, Israel tem provado repetidamente que mantém a vantagem nessa guerra de sombras, que agora está sendo travada abertamente desde os primeiros ataques de retaliação em abril de 2024″, completou.
Segunda uma fonte da segurança israelense, os ataques da última sexta-feira exigiram forças de comando atuando em Teerã e por todo o país, enquanto evitavam ser detectadas pelas agências de segurança e inteligência iranianas. O Mossad, contou ela, atacou mísseis de defesa aérea, mísseis balísticos e lançadores logo no início das operações, planejadas ao longo de anos.
Poderio do Mossad
No início de 2018, Israel roubou um arquivo nuclear do Irã, divulgando a conquista em uma transmissão ao vivo de Jerusalém. Netanyahu apareceu falando em inglês ao mostrar o arquivo e o que ele falou serem cópias de 55 mil páginas de informações nucleares iranianas.
O Irã tentou ridicularizar os comentários de Netanyahu, chamando-os de “infantis” e “risíveis”, mas o roubo do arquivo demonstrou a confiança que Israel tinha na capacidade do Mossad de atuar em Teerã. A operação, que exigiu planejamento meticuloso e conhecimento íntimo da localização e segurança do arquivo, pressionou o primeiro governo Trump a se retirar do acordo nuclear original com o Irã, o chamado Plano de Ação Conjunta (JCPOA).
Em novembro de 2020, Israel assassinou Mohsen Fakhrizadeh, principal cientista nuclear do Irã, enquanto ele estava em um carro blindado com a esposa. O carro de Fakhrizadeh viajava em comboio com três veículos de segurança quando foi atacado. A mídia estatal iraniana informou que uma metralhadora controlada remotamente abriu fogo contra o cientista nuclear, que há anos era um dos principais alvos de Israel.
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Ex-vice-diretor do Mossad, Ram Ben Barak, afirmou que o sucesso contínuo da organização se deve “a um regime muito, muito impopular – odiado pela maioria da população – o que permite a penetração da inteligência, por um lado, e, por outro, à sofisticação e profissionalismo dos agentes de inteligência israelenses.”
Após o início da guerra em Gaza, Israel assassinou Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, no coração de Teerã. Uma fonte familiarizada com o caso afirmou que Israel plantou um explosivo em uma casa de hóspedes onde Haniyeh costumava se hospedar. A bomba ficou escondida no local por dois meses antes do ataque, sendo detonada remotamente quando Haniyeh entrou no quarto.
Histórico de conflitos
A partir do início da década de 2010, o Irã acusou Israel de conduzir uma campanha de assassinatos contra cientistas nucleares iranianos. O ex-ministro da Defesa israelense Moshe Ya’alon reconheceu, de forma implícita, os assassinatos ao afirmar, em 2015, que Israel não poderia ser responsabilizado “pela expectativa de vida dos cientistas nucleares do Irã”.
De 2007 a 2012, Israel teria realizado cinco assassinatos secretos, quase todos em Teerã, por meio de explosivos ou metralhadoras acionadas remotamente. Apenas um dos principais cientistas nucleares do Irã sobreviveu à tentativa de assassinato: Fereydoon Abbasi. Ele foi um dos mortos no ataque da última sexta-feira.
No mês passado, Abbasi disse à mídia estatal iraniana que qualquer ataque a locais de produção teria pouco impacto no cronograma para o desenvolvimento de uma bomba, afirmando: “nossas capacidades estão espalhadas por todo o país. Se eles atacarem locais de produção, não terá impacto no nosso cronograma, porque nossos materiais nucleares não estão armazenados acima do solo”.
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