A construção de um trader consistente costuma ser associada a técnica e indicadores, mas para Fernando Modé, o que determina a sobrevivência no mercado é a capacidade de organizar a própria vida, criar limites e enfrentar a pressão emocional que o day trade impõe.
Nesse sentido, sua história inclui rupturas profissionais, erros marcantes e um processo de reconstrução que o levou a estabelecer regras rígidas de comportamento e gestão de risco.
Fernando Modé foi o convidado do episódio 246 do programa GainCast, onde revisitou a transição do mercado corporativo para a renda variável e detalhou como o impacto psicológico dessa mudança moldou sua forma de operar.
A partir desse ponto, ele descreve que a rotina tradicional de trabalho sustentava parte de sua estabilidade mental — até que, ao mergulhar no trading em tempo integral, percebeu os riscos de operar sem método e sem limites emocionais.
Por isso, afirma que o choque dessa fase foi decisivo para sua mudança. “Meu primeiro mês sentado ali na sala da minha casa, sem emprego, sem nada, eu perdi 40% da grana que eu tinha reservado para bolsa de valores em um mês”, explica.
A reconstrução após a queda
A perda abrupta o obrigou a interromper as operações, revisar cada comportamento e reorganizar todo o processo decisório. Nesse cenário, o afastamento temporário, segundo ele, foi o único caminho possível para recuperar clareza.
“Aí eu olhei e falei: ‘Se eu continuar desse jeito, vou ter que voltar pro mercado em três meses, não vou durar’. Então me sentei, parei uma semana de operar, porque a primeira coisa que tem que fazer é se afastar”, relata.
Por esse motivo, esse período marcou o início de suas regras pessoais — um conjunto de protocolos que inclui simulações diárias, definição prévia dos ativos, limites de risco e proibição de operar fora de contexto.
Como consequência direta desse processo, o objetivo não era apenas acertar mais, mas eliminar impulsos, vícios e improvisos. “Criei as minhas regras. Comecei a simular day trade, simular as operações, quais ativos eu ia operar”, recorda.
Evitar a armadilha emocional do trader solitário
Modé destaca que operar sozinho, sem estrutura ou supervisão, é um dos maiores gatilhos de erros. Ele próprio viveu situações-limite, como alavancagens acidentais e ordens executadas involuntariamente, que reforçaram sua obsessão por controle.
“Minha filha estava com o celular na mão e o aplicativo aberto. Quando eu voltei ela me olhou, e ela tinha feito uma ordem turbo no índice com 150, 200 contratos”, observa.
Nesse contexto, Modé reforça que a adrenalina constante do home broker é um sinal claro de desvio psicológico. Ao mesmo tempo, alerta que, se operar gera excitação ou euforia, algo está profundamente incorreto.
“Se a bolsa de valores te dá muita emoção, na minha opinião, é que algo tá errado, porque o teu trabalho não pode te dar tanta emoção assim”, alerta.
Disciplina como barreira de sobrevivência
A rotina atual — operar apenas pela manhã, limitar exposição e monitorar apenas o necessário — é fruto de anos combatendo excessos.
Nesse sentido, ele reforça que a consistência nasce do que o trader decide não fazer, e não do volume de operações realizadas.
“Eu costumo ficar na tela até duas ou três horas da tarde, no máximo. É uma regra para não ficar preso também. A gente tem que usufruir das coisas boas que a bolsa nos dá”, conclui.
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