A entrada de Maxwell Silva no mercado financeiro foi marcada por um impulso comum entre traders iniciantes: a urgência por resultados rápidos. Nesse contexto, vindo de uma carreira que já não lhe trazia propósito, o mercado surgiu como uma possibilidade concreta de mudança de vida, o que acabou ampliando expectativas e distorcendo a percepção de risco.
Com isso, esse cenário emocional criou o ambiente perfeito para decisões aceleradas e metas irreais, que mais tarde cobrariam um preço alto.
Nesse processo de amadurecimento, Maxwell Silva concedeu uma entrevista ao InfoMoney durante o evento Profit Summit, na qual detalhou como essa pressa inicial se transformou em um dos maiores aprendizados da sua trajetória.
Ao olhar para trás, ele reconhece que a tentativa de encurtar o caminho foi menos um erro técnico e mais uma falha de leitura sobre tempo e construção de consistência no trade.
“Querer acelerar o processo… Eu queria transformar um empréstimo de 50 mil reais em mais de 500 mil, assim, em menos de um ano. Foi meu sonho, foi meu erro, essa ansiedade minha de mudar de vida rápida”, afirma.
O dia de fúria tem sinais
Com o passar dos anos, Maxwell passou a enxergar o chamado “dia de fúria” não como um evento aleatório, mas sim como uma consequência previsível da perda de alinhamento com o próprio operacional.
Segundo ele, quando o trader deixa de respeitar seus limites estatísticos, o risco emocional aumenta de forma exponencial, abrindo espaço para decisões impulsivas e tentativas de recuperação forçada.
Por isso, além da leitura de mercado, o foco passou a ser o acompanhamento rigoroso de métricas e relatórios de performance. Ainda assim, Maxwell ressalta que confiar apenas no autocontrole é uma armadilha comum, já que o fator humano sempre estará presente.
Dessa forma, mecanismos externos se tornaram parte central da sua rotina. “Quando eu passo de 5 operações, a probabilidade de eu não ter bom resultado é grande. Acima de tudo, eu não consigo me bloquear por ser um ser humano. Eu boto trava na plataforma e trava na corretora. É a única coisa que me garante sucesso são as travas”, observa.
O fundo do poço emocional
Entretanto, o momento mais delicado da trajetória não surgiu de um erro operacional isolado, mas de um impacto externo que abalou profundamente sua estrutura emocional.
Após emprestar uma quantia de 100 mil reais a um amigo próximo e não receber o valor de volta, Maxwell relata que perdeu não apenas capital, mas também a estabilidade psicológica necessária para operar. A sequência de eventos culminou em perdas financeiras severas e em um colapso pessoal.
Nesse cenário extremo, a desistência do mercado parecia inevitável. Ainda assim, a ausência de um plano alternativo e a consciência de que já possuía um método validado impediram o abandono definitivo.
“Eu pensei em realmente em a tentar com minha própria vida. Eu simplesmente voltei a trabalhar como policial, botei a cabeça no lugar. Devagarzinho eu fui ganhando R$20,00 reais por dia. E aí eu consegui recuperar tudo o que havia perdido”, relata.
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Consistência além do dia
Com o amadurecimento operacional, Maxwell Silva passou a questionar uma das crenças mais comuns entre traders iniciantes: a ideia de que cada pregão define sucesso ou fracasso.
Na prática, ele explica que essa leitura fragmentada cria um peso emocional desproporcional, fazendo com que perdas pontuais sejam interpretadas como falhas pessoais.
Esse tipo de mentalidade, segundo ele, impede o trader de enxergar o mercado como um jogo estatístico e compromete a execução disciplinada do método. “Entender que não tem não existe consistência é entender que a consistência vem no período amostral de seis meses de um ano”, afirma.
A virada conceitual aconteceu quando o foco deixou de ser o resultado diário e passou a ser a análise do desempenho em janelas maiores de tempo.
Ao observar relatórios extensos de performance, Maxwell percebeu que dias ruins não eram responsáveis por meses negativos, mas sim a incapacidade de sustentar o operacional após perdas isoladas. Essa compreensão reduziu drasticamente o impacto emocional das derrotas pontuais.
“Quando eu entendi que o trade não é day trade, no sentido de viver o dia a dia, mas de você pensar sempre numa amostragem maior, aí eu tiro aquele sentimento de derrotado que você perde ali no dia”, observa.
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Payoff e convicção estatística
Além disso, o trader destaca que sua estratégia não depende de alta taxa de acerto, mas de uma relação favorável entre ganho e perda.
Nesse contexto, sequências negativas deixam de ser exceção e passam a fazer parte do processo. A confiança vem justamente da estatística construída ao longo dos anos.
“Como o meu operacional não é de assertividade, é uma operação de payoff, onde eu ganho muito mais do que eu perco, eu posso perder três dias seguidos, mas vai fechar”, explica.
Por fim, ao revisitar sete anos de dados, Maxwell afirma ter alcançado não apenas consistência financeira, mas também estabilidade psicológica.
A convicção no método eliminou a necessidade de provar algo todos os dias ao mercado, permitindo foco na execução e no controle de risco.
“Quando eu olhei para o relatório de 7 anos, eu entendi isso. Aí eu venci o mercado de forma psicológica, e venci de forma técnica”, afirma.
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