Construtoras de baixa renda ainda têm fôlego na Bolsa? Goldman Sachs aposta que sim

Cury

Mesmo com o forte desempenho do setor imobiliário no ano, com alta média de cerca de 90%, contra avanço de 30% do Ibovespa, o Goldman Sachs ainda vê espaço para mais. O banco iniciou a cobertura das construtoras voltadas à baixa renda Tenda (TEND3) e Cury (CURY3) com recomendação de compra e manteve Direcional (DIRR3) em compra e MRV (MRVE3) em neutro.

O Goldman Sachs explica que o principal motor dessa performance é o aumento do financiamento habitacional por meio do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), cujo orçamento passou de R$ 66 bilhões em 2022 para R$ 146 bilhões esperados em 2025 e deve permanecer elevado, acima de R$ 150 bilhões, em 2026 e 2027. Esse cenário deve continuar impulsionando as vendas, especialmente entre as companhias com recomendação de compra.

O banco vê as empresas com recomendação de compra ainda negociando a valuations atrativos em relação ao crescimento esperado do lucro líquido, com destaque para a Tenda. “Embora a MRV tenha ficado para trás em relação aos pares em 2025 e também deva se beneficiar do MCMV, temos preocupação com o elevado nível de alavancagem da companhia”, comenta.

Apesar da visão positiva baseada em fundamentos, o banco também analisou o desempenho das ações antes de ciclos de afrouxamento monetário e de eleições presidenciais. Em 2026, há um evento macro conhecido, as eleições presidenciais, e outro esperado, o início de um ciclo de queda de juros.

O Goldman Sachs destaca que, nos três meses que antecederam os últimos três ciclos de corte de juros, as ações de construtoras brasileiras subiram em média 50%, superando o Ibovespa, que avançou 15%, embora as empresas de média e alta renda tendam a performar melhor que as de baixa renda. No caso das eleições, o desempenho médio no acumulado do ano até o primeiro turno foi mais estável, mas as construtoras de baixa renda tendem a superar as de alta renda. No segmento de média e alta renda, o banco manteve recomendação de compra para a Cyrela (CYRE3).

Segundo cálculos do Goldman Sachs, o lucro líquido de Tenda, Cury e Direcional deve crescer entre 25% e 30% em 2026, sustentado por vendas ainda em níveis elevados. Cury e Direcional concentram suas operações nas faixas superiores do MCMV, com os grupos 2 e 3 representando mais de 80% das vendas estimadas. A Cury tem foco regional em São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto a Direcional atua em nível nacional.

A Tenda também tem presença nacional, com forte exposição ao Nordeste, cerca de 40% das vendas, e perfil mais diversificado entre os grupos 1, 2 e 3 do programa, sendo o grupo 1 um dos principais focos do atual governo, com financiamento triplicando desde 2022.

Tenda (TEND3)

O Goldman Sachs tem recomendação de compra para Tenda, com preço-alvo de R$ 34, pois enxerga a companhia como uma história de recuperação, capaz de sustentar crescimento acelerado de receita e lucro. Após erros de orçamento no início da década, que elevaram custos, pressionaram margens e aumentaram a dívida, a empresa implementou um plano de reestruturação a partir de 2022.

O banco prevê crescimento anual de receita e lucro de 28% e 13% em 2026 e de 31% e 31% em 2027. Mesmo assim, a ação negocia a cerca de 5 vezes lucro, apesar da expectativa de crescimento de 30% do lucro em 2026 e 2027.

Cury (CURY3)

No caso de Cury, o banco também tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 40, uma vez que avalia a companhia como uma das melhores do setor. Focada nas faixas superiores da baixa renda e nas regiões urbanas de São Paulo e Rio de Janeiro, a companhia apresentou forte crescimento desde o IPO em 2020. As vendas próprias cresceram seis vezes desde então, alcançando R$ 6,7 bilhões nos últimos 12 meses até o terceiro trimestre de 2025.

Além disso, na avaliação do Goldman, a Cury tem balanço sólido, posição de caixa líquido, elevado retorno sobre patrimônio (ROE) e um dos ciclos de vendas mais rápidos do setor.

Direcional (DIRR3)

O Goldman Sachs manteve recomendação de compra para a Direcional e elevou o preço-alvo de R$ 19 para R$ 20. A empresa também atua nas faixas mais altas do MCMV, mas com presença nacional.

A equipe de análise do banco vê continuidade de vendas robustas, apoiadas por sua atuação em mercados estratégicos, estrutura operacional verticalizada e eficiência de capital de giro, o que sustenta um balanço saudável.

MRV (MRVE3)

Apesar de elevar as estimativas para a MRV, assumindo crescimento mais forte de lançamentos, apoiado pelo cenário favorável do MCMV, o Goldman Sachs manteve recomendação neutra, com preço-alvo passando de R$ 7 para R$ 8, diante da percepção de potencial limitado de valorização.

“Apesar da melhora nas projeções de vendas, a companhia segue com retorno sobre patrimônio abaixo dos pares e alavancagem elevada, com dívida líquida acima de 100% do patrimônio, o que deve continuar limitando o desempenho das ações no curto prazo”, explicam analistas.

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