O ano de 2026 promete desafios e oportunidades para investidores brasileiros, e alguns setores específicos devem chamar atenção. Marcos Peixoto, sócio e portfolio manager na XP Asset, alerta para a importância de ampliar o escopo de investimentos.
“Você tirar estatais e commodities da bolsa, às vezes, vai perder metade do mercado. Tem que ter amplitude para investir no Brasil e estar disposto a investir em outros setores”, afirma.
Segundo ele, embora os últimos cinco anos tenham sido marcados por momentos difíceis tanto no macro quanto no micro, há sinais de que o cenário futuro poderá ser mais favorável para a gestão ativa.
Peixoto destaca a relevância de se observar revisões de lucro como indicador central de investimento. “Revisão de lucro, eu revisei 20% do meu lucro para baixo. Cara, a ação tem que cair 20%. Então, se cair menos, eu vou vender”, explica.
Ele ressalta ainda que, apesar das estatais e do setor de commodities serem considerados mais voláteis, são justamente nesses segmentos que podem surgir oportunidades significativas para quem consegue identificar desequilíbrios de preço e ciclos positivos de mercado.
Peixoto participou do programa Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo.
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A inovação ainda é escassa no Brasil, principalmente na Bolsa
O gestor lembra também que a inovação ainda é escassa no Brasil, principalmente na Bolsa, e que a entrada de novas empresas via Oferta Pública de Ações (IPO, na sigla em inglês) nem sempre é favorável.
“O último ciclo de IPO que a gente teve não foi tão feliz assim. Enquanto isso, vemos as principais teses do mundo acontecendo fora daqui”, comenta.
A dicotomia entre o micro e o macro, aponta Peixoto, exige do investidor brasileiro atenção constante para não se deixar levar por tendências externas e pela percepção momentânea de mercado.
Peixoto detalhou ainda suas perspectivas para o próximo ano, pontuando que o tema central que impactará o mercado em 2026 será a combinação entre juros e cenário eleitoral.
“O Banco Central não vai cortar juros em janeiro, vai cortar só a partir de março. Então, quando chegarmos à terceira reunião de corte, já estamos falando de eleição.”
Para o gestor, as decisões do BC e as repercussões políticas estarão intrinsicamente ligadas, e isso exigirá atenção redobrada do investidor.
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Juros, eleição e oportunidades de portfólio
Peixoto explica que os próximos meses exigirão uma análise cuidadosa de simetrias de preço e posicionamento estratégico.
“Hoje não tenho posições pequenas em exportadores porque, se a commodity cai e o dólar sobe, uma coisa anula a outra”, exemplifica.
Ele acredita que estatais e commodities ainda oferecem oportunidades, mas que a precificação atual das empresas como Petrobras já se aproxima de parâmetros de empresas privadas, reduzindo o grau de distorção que existia em ciclos anteriores.
O gestor também comenta sobre o fluxo de investimento e o perfil do passivo da XP Asset. Segundo ele, 40% do capital vem de investidores de varejo e os 60% restantes são institucionais, incluindo fundos de pensão e family offices.
“Parou de ter resgate, mas também não houve aplicação. Só de estancar a sangria já é uma boa notícia”, diz, ressaltando que a percepção de interesse do investidor vem melhorando gradualmente.
Convicção e ciclos de mercado
Peixoto finaliza a conversa reforçando a importância de manter convicções próprias mesmo diante de ciclos desafiadores. “Se você copiar coisas que não acredita, é o princípio do fim”, ressalta.
O gestor recorda que a indústria brasileira sempre gerou alpha significativo ao longo de décadas, e que os últimos cinco anos difíceis não devem desanimar o investidor.
“Os mercados são ciclos. Quem está nessa depressão nos últimos cinco anos tem que ter cabeça fria e esperar que uma hora o ciclo vira”, conclui, destacando a necessidade de preparo para surpresas e oportunidades repentinas.
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