Mesmo após um 2025 marcado por forte valorização, o Ibovespa ainda apresenta espaço para continuidade do movimento positivo em 2026, na avaliação do Bradesco BBI. O banco destaca que a bolsa brasileira segue negociando a níveis historicamente descontados, sustentada por resultados corporativos resilientes e por um ambiente macroeconômico que tende a abrir espaço para cortes de juros à frente, à medida que a atividade desacelera.
No cenário-base, o Bradesco BBI projeta o Ibovespa em 192 mil pontos ao fim de 2026, o que representa uma alta potencial de 21,7% em relação ao fechamento da última quarta-feira (17). A estimativa reflete, sobretudo, a combinação entre valuation atrativo, geração consistente de caixa pelas empresas e perspectiva de melhora gradual nas condições financeiras.
Segundo o banco, o P/L (preço sobre lucro) projetado para dois anos à frente gira em torno de 8 vezes, abaixo da média histórica de 10 vezes e também inferior à média de outros mercados emergentes. Além disso, o elevado pagamento de dividendos continua sendo um diferencial relevante, com dividend yield (dividendo sobre preço da ação) estimado próximo de 6% para 2026, o que coloca a bolsa brasileira em uma posição singular na comparação global.
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Outro pilar importante do cenário-base é a saúde financeira das empresas listadas. Apesar do ambiente ainda desafiador de juros elevados, os resultados corporativos têm vindo, em média, dentro ou ligeiramente acima das expectativas. O endividamento segue controlado e a desaceleração do crescimento dos lucros ocorre de forma ordenada, reduzindo riscos mais agudos para o mercado. Com a perspectiva de queda da Selic ao longo de 2026, o consenso aponta para uma recuperação mais consistente dos lucros, com crescimento relevante do lucro por ação do Ibovespa no próximo ano.
A expectativa de cortes de juros no Brasil, especialmente se combinada com afrouxamento monetário nos Estados Unidos, reforça o viés construtivo. Historicamente, ciclos de queda da Selic têm sido acompanhados por ganhos expressivos do Ibovespa, com desempenho ainda mais forte em janelas mais longas e para ações de menor capitalização.
Cenários alternativos
Ainda assim, o cenário não é isento de riscos. A principal variável de incerteza segue sendo o quadro fiscal e o ambiente político à frente das eleições. Nesse contexto, três cenários alternativos ajudam a balizar as expectativas para o índice. No cenário mais favorável, com um ajuste fiscal mais robusto, a taxa de desconto cairia de forma relevante, permitindo uma reprecificação do mercado e levando o Ibovespa a níveis significativamente mais elevados ao fim de 2026, aos 241 mil pontos. Esse cenário é visto como o mais provável, embora não majoritário.
Em um cenário intermediário, com ajuste fiscal limitado, a taxa de desconto permaneceria próxima aos níveis atuais, o que implicaria uma valorização mais contida do índice, atingindo 158 mil pontos.
Já no cenário mais adverso, marcado pela ausência de ajuste fiscal e deterioração das contas públicas, o aumento da percepção de risco elevaria a taxa de desconto e poderia levar o Ibovespa a 103 mil pontos.
Foco em ações de empresas de qualidade
Diante desse ambiente, a estratégia recomendada pelo BBI privilegia a seleção de ações, com foco em empresas de qualidade, boa geração de caixa e capacidade de remuneração aos acionistas. Papéis com perfil mais defensivo, como os dos setores financeiro, utilities e telecomunicações, continuam sendo a base de uma alocação mais equilibrada, sobretudo para investidores que buscam renda recorrente via dividendos.
Ao mesmo tempo, a perspectiva de queda de juros abre espaço para aumentar gradualmente o risco da carteira, com exposição a small caps e a setores mais cíclicos. Empresas sensíveis à taxa de juros tendem a se beneficiar de forma mais intensa da redução do custo de capital, melhorando fluxo de caixa e rentabilidade.
No setor financeiro, o destaque fica para instituições bem posicionadas para capturar a retomada do mercado de capitais, como o BTG Pactual (BPAC11), que tem mostrado capacidade de gerar retorno elevado sobre o patrimônio em diferentes ciclos econômicos. No setor elétrico, a preferência recai sobre geradoras, beneficiadas pela tendência de alta dos preços de energia e por maior flexibilidade comercial, com nomes como Auren (AURE3) e Eneva (ENEV3).
Entre as ações mais sensíveis à queda da Selic, aparecem empresas como Localiza (RENT3), Assaí (ASAI3), Allos (ALOS3) e MRV (MRVE3), que combinam valuation atrativo com potencial de melhora operacional. No varejo, apesar do ambiente ainda desafiador, histórias de recuperação seletiva, como o Grupo SBF (SBFG3), se destacam pelo desconto em relação aos pares.
Em infraestrutura e concessões, a EcoRodovias (ECOR3) surge como beneficiária tanto da queda dos juros quanto de uma agenda regulatória mais favorável. Na construção civil, o segmento voltado à baixa renda continua sustentado por políticas públicas, com Direcional (DIRR3), Cury (CURY3) e Cyrela (CYRE3) entre as preferidas.
Oportunidades pontuais
Outros setores também oferecem oportunidades pontuais. Em educação, a Cogna (COGN3) se destaca pela melhora operacional e geração de caixa. Em saúde, RD (RADL3) e Mater Dei (MATD3) combinam avaliação atrativa com momento favorável de resultados. No segmento industrial, a Marcopolo se beneficia da renovação de frotas e da demanda por ônibus mais eficientes.
Entre as commodities, a visão segue positiva para minério de ferro e ouro, sustentando a tese para Vale (VALE3) e Aura Minerals (AURA33). Em petróleo, o cenário é mais cauteloso diante da perspectiva de excesso de oferta global, o que favorece empresas ligadas à distribuição e infraestrutura, como Vibra (VBBR3), além de nomes com crescimento de produção e geração de caixa previsível, como PRIO (PRIO3).
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