A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (18) uma nova fase da operação Sem Desconto para investigar um esquema de fraudes em descontos aplicados a aposentados e pensionistas do INSS.
A ação resultou na prisão do secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo Portal, além do cumprimento de dezenas de mandados de busca e apreensão e de prisões preventivas em diferentes estados do país.
Até a manhã desta quinta-feira (18), Adroaldo Portal ocupava um dos postos mais estratégicos do governo federal. Secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, ele era o principal auxiliar do ministro Wolney Queiroz e responsável direto pela engrenagem administrativa da pasta.
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A trajetória foi interrompida com sua prisão na nova fase da operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura um esquema bilionário de fraudes em descontos aplicados a aposentados e pensionistas do INSS.
Portal, de 55 anos, é jornalista e construiu uma carreira longe dos holofotes, mas muito próxima do centro do poder em Brasília. Há mais de duas décadas atua nos bastidores do Congresso Nacional, com passagens contínuas por cargos de confiança ligados sobretudo ao PDT.
Sua experiência se concentrou na articulação política, no assessoramento parlamentar e na gestão de estruturas administrativas sensíveis.
A ligação com o partido trabalhista vem desde o fim dos anos 1990. A partir de 1999, ele passou a comandar a chefia de gabinete da liderança do PDT na Câmara dos Deputados, função que lhe deu trânsito entre bancadas e acesso permanente às negociações internas da Casa.
Ao longo dos anos, também chefiou gabinetes de deputados e senadores da legenda, como Pompeo de Mattos, André Figueiredo e o senador Weverton Rocha, hoje vice-líder do governo Lula no Senado e igualmente alvo de mandados de busca e apreensão na operação desta quinta.
No Executivo, Portal acumulou cargos relevantes em administrações petistas. Durante o governo Dilma Rousseff, foi chefe de gabinete e secretário-executivo substituto do Ministério das Comunicações. Também integrou conselhos de estatais, como o de administração dos Correios e o conselho fiscal da Telebras, posições normalmente reservadas a quadros com forte confiança política.
Já no atual governo, Portal ingressou no Ministério da Previdência ainda na gestão de Carlos Lupi. Entre fevereiro de 2023 e maio de 2025, comandou a Secretaria do Regime Geral de Previdência Social, área responsável por políticas centrais do INSS, como aposentadorias e benefícios.
Em maio deste ano, foi alçado ao cargo de secretário-executivo, tornando-se o número dois da pasta, posto que manteve mesmo após a troca de comando e a chegada de Wolney Queiroz ao ministério.
As investigações da Polícia Federal apontam que Portal teria mantido contato com Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, considerado um dos operadores centrais do esquema de fraudes. O lobista chegou a ser recebido no gabinete do secretário-executivo, informação agora sob análise dos investigadores.
Com a prisão decretada, Portal foi afastado e exonerado do cargo no mesmo dia. O Ministério da Previdência informou que a decisão foi tomada assim que o ministro tomou conhecimento das acusações. Para substituí-lo, foi nomeado o procurador-federal Felipe Cavalcante e Silva, até então consultor jurídico da pasta.
A operação Sem Desconto investiga irregularidades cometidas entre 2019 e 2024, com prejuízos estimados em até R$ 6,3 bilhões. O esquema envolve servidores públicos, empresários, lobistas e entidades associativas suspeitas de realizar descontos indevidos diretamente nos benefícios pagos pelo INSS.
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