A combinação entre juros ainda elevados, crescimento econômico mais resiliente do que o esperado e inflação menos pressionada voltou a colocar a renda fixa global no centro das atenções dos investidores.
Após um 2025 marcado por volatilidade, incertezas fiscais e mudanças na política comercial dos Estados Unidos, o cenário começa a se mostrar mais construtivo, sobretudo para quem busca geração de renda.
Segundo Jeff Mueller, co-head de Renda Fixa da Morgan Stanley Investment Management, o ambiente atual é melhor do que o mercado projetava no início do ano.
“O crescimento foi um pouco mais forte do que se esperava e a inflação, tanto em economias desenvolvidas quanto emergentes, ficou mais contida do que muitos imaginavam”, afirmou.
Mesmo com spreads de crédito relativamente comprimidos, os níveis de rendimento seguem elevados em termos históricos, sustentando uma demanda robusta por ativos de renda fixa. “As rendas continuam altas e isso mantém o apetite dos investidores muito forte”, disse.
As análises foram apresentadas no programa Outliers InfoMoney, conduzido por Clara Sodré e Fabiano Cintra, em um episódio especial dedicado ao cenário internacional.
Segundo os apresentadores, ouvir gestores globais se tornou ainda mais relevante em um momento de maior busca por diversificação fora do Brasil e por uma leitura mais sofisticada do ambiente macroeconômico global.
2026
Olhando para 2026, a gestora adotou uma visão mais positiva do ponto de vista macroeconômico.
O cenário combina estímulos fiscais em economias centrais, expectativa de flexibilização monetária e um ambiente regulatório mais favorável ao crescimento, especialmente nos Estados Unidos.
Mueller destaca que cortes de impostos tendem a impulsionar a atividade americana, enquanto o aumento dos gastos públicos na Alemanha deve favorecer o crescimento europeu.
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Expectativa de corte de juros pelo FED
No campo monetário, a expectativa é de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) volte a cortar juros ao longo de 2026.
“Esperamos dois ou três cortes no próximo ano, o que é claramente um fator de suporte para os mercados”, afirmou, ressaltando que o ritmo dependerá do comportamento da inflação.
Outro vetor relevante segue sendo o investimento em inteligência artificial, com gastos de capital concentrados sobretudo nos Estados Unidos e, em menor escala, na China.
Apesar disso, o gestor alerta para riscos ligados às valorizações e a eventuais interrupções nesse ciclo de investimentos.
Inflação sob controle?
Apesar dos sinais de alívio, Mueller avalia que ainda é cedo para afirmar que a inflação está totalmente sob controle, especialmente nos Estados Unidos. “Não podemos dizer definitivamente que a inflação está resolvida”, afirmou.
O melhor cenário, segundo ele, é uma inflação relativamente estável, em torno de 3%, ao longo da primeira metade de 2026. Um crescimento mais forte do que o esperado, no entanto, poderia reacender pressões inflacionárias e exigir uma postura mais dura da política monetária.
No fluxo global de capitais, houve uma migração marginal para fora dos Estados Unidos em direção a mercados emergentes e ao crédito europeu, sem caracterizar uma saída estrutural dos ativos americanos. Ainda assim, Mueller vê valor em países com juros reais elevados e espaço para cortes, citando o Brasil como exemplo.
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Renda Fixa é terreno fértil
Para o executivo, a renda fixa segue oferecendo um terreno fértil para a gestão ativa, em um ambiente de maior dispersão no crédito. Os fundamentos permanecem sólidos, mas episódios pontuais de estresse devem continuar ocorrendo.
Nesse contexto, ganham destaque também os ativos securitizados, que passaram por mudanças estruturais desde 2008 e hoje oferecem maior proteção e prêmios de risco atrativos.
“Quanto mais amplo for o universo investível, maior a chance de encontrar boas oportunidades ajustadas ao risco”, afirmou Mueller.
Segundo ele, diversificação internacional, flexibilidade e gestão ativa serão elementos-chave para capturar as oportunidades da renda fixa global em 2026.
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