Plano de saúde ou seguro: o que vale mais a pena? Entenda prós e contras de cada

Muitos brasileiros, principalmente os que enfrentam maior fragilidade econômica, se perguntam: plano de saúde ou seguro, o que vale mais a pena e qual escolher para proteger a saúde e a família? 

Dados de 2024 da CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras) mostram que existem 52,2 milhões de beneficiários de assistência médica no país — número que representa apenas 26% da população. Na prática, a imensa maioria depende exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) ou busca soluções alternativas.

Mas segundo Thiago Levy, head de produtos INVIDA da MAG Seguros, o plano de saúde e o seguro não são substitutos, mas complementares. 

“Imagine um diagnóstico de câncer. Caso a pessoa tenha os dois produtos, ela pode se tratar com o plano de saúde e usar o seguro em vida para outras despesas”, afirma. 

Isso porque o plano de saúde cobre consultas, exames e tratamentos do rol da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), mas deixa lacunas, como medicamentos caros ou serviços extras, que podem ser cobertos por um seguro, como o de doenças graves.

Os valores de indenização variam de R$ 100 mil a R$ 2 milhões, pagos diretamente “na mão” do paciente.

“Você recebe o capital e decide o que quer fazer com ele. Ele pode ajudar nas contas do dia a dia e até a pagar o plano de saúde se a pessoa ficar sem trabalho. Dá para custear enfermeiros, cadeira de rodas, remédios ou qualquer necessidade que o plano não atenda”, afirma Levy. 

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Entenda as diferenças

Planos de saúde são regulados pela ANS, que define um rol fixo de coberturas obrigatórias — uma lista de procedimentos, consultas, exames e internações que as operadoras devem oferecer.

Já os seguros de vida são fiscalizados pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), e as seguradoras têm flexibilidade para criar coberturas personalizadas. 

A diferença chave é no pagamento. O plano reembolsa ou cobre diretamente os tratamentos na rede credenciada. O seguro libera um capital indenizatório após “gatilhos” específicos, como diagnóstico ou internação. 

“Se você quer o tratamento garantido, precisa escolher o plano de saúde”, diz Levy.

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Algumas coberturas de seguros de vida se aproximam, em parte, da lógica dos planos de saúde porque são acionadas em situações tipicamente médicas e ligadas à perda de saúde ou de renda. A diferença central é que, em vez de organizar o atendimento, o seguro entrega dinheiro, e o segurado decide como usar.

  • Doenças graves: paga, em geral, o valor integral contratado assim que é confirmado o diagnóstico de uma enfermidade grave prevista na apólice (contrato de seguro), como câncer, AVC, infarto, Alzheimer ou Parkinson.
  • Acidentes pessoais: paga quando há danos físicos por acidente, como fraturas ou invalidez parcial ou total. A indenização é proporcional ao grau de invalidez constatado – se o laudo indicar 50% de invalidez, o segurado recebe 50% do capital contratado.
  • Diária de Internação Hospitalar (DIH): paga um valor fixo por cada dia de internação, após uma franquia inicial prevista em contrato (por exemplo, a partir do 4º ou 5º dia).
  • Diária por Incapacidade Temporária (DIT): funciona como um “substituto de renda”: paga um valor diário quando o segurado fica temporariamente impossibilitado de trabalhar por doença ou acidente. É especialmente relevante para autônomos e profissionais sem estabilidade, ajudando a manter despesas básicas em dia durante a recuperação.
  • Seguro cirurgia: prevê o pagamento de uma indenização após a realização de procedimentos cirúrgicos incluídos em uma lista pré-definida. O valor varia conforme o tipo de cirurgia. 

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Vantagens e desvantagens

O plano de saúde é o produto mais completo para acesso amplo à saúde privada, segundo Levy, da MAG. Cobre consultas, exames, procedimentos e internações ilimitadas, com rede credenciada em todo o Brasil, e é regulado pela ANS. Ele é ideal para quem busca atendimento contínuo e direto. 

No entanto, tem custo elevado com reajustes anuais altos e contratação difícil – pode ser negado por operadoras locais ou histórico médico. 

É um “monoproduto” sem personalização: você paga por todas as coberturas obrigatórias, mesmo as que não precisa. 

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O seguro de vida, por outro lado, é mais acessível e flexível, com mensalidades baixas (R$ 30 a R$ 300) que geram capitais de R$ 50 mil a R$ 700 mil. 

Além disso, não exige exames admissionais nem carências, sendo perfeito para desempregados, autônomos ou quem está em transição. 

Porém, não garante tratamento completo, apenas um valor fixo de indenização. Se a pessoa contrata R$ 500 mil em doenças graves, mas o tratamento para um câncer custa R$ 200 mil, por exemplo, sobra uma diferença. O dinheiro vai direto na mão, exigindo disciplina do segurado para usar bem. 

Outras alternativas 

Nos últimos anos, surgiu um ecossistema de soluções intermediárias – como telemedicina, clínicas populares, cartões por assinatura e redes credenciadas – que não substituem um plano completo, mas ajudam a reduzir filas, complementar o SUS e oferecer algum nível de cuidado contínuo, especialmente para quem mais sente o peso dos custos.

“Neste caso, o objetivo é garantir maior conforto financeiro, havendo indenização para câncer, AVC, infarto e outras condições de alto impacto”, afirma Antonio Leitão, gerente do Instituto de Longevidade MAG.

  • Telemedicina: são consultas médicas realizadas 100% online, por videochamada ou chat, com agendamento imediato ou planos de assinatura baratos.
  • Clínicas populares: são redes de atendimento acessível, com preços fixos e tabelas transparentes para consultas, exames simples, vacinas e procedimentos básicos como raio-X ou ultrassom, sem mensalidade – o pagamento é por serviço.
  • Cartões por assinatura/desconto: funcionam como “clube de benefícios”. Por uma mensalidade baixa (R$ 20-50), dão descontos de 20-70% em consultas, exames laboratoriais, farmácias e óticas em redes parceiras – sem cobertura integral, mas com economia imediata.
  • Redes credenciadas: são parcerias entre seguradoras ou associações com clínicas e hospitais privados, oferecendo serviços a preços negociados e reduzidos (ex.: consulta por R$ 80 em vez de R$ 300), acessíveis via app ou cartão, como complemento ao SUS.

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Prevenção: o melhor “plano”

Prevenção supera qualquer produto. Para Leitão, viver mais é uma conquista, mas exige novos modelos de cuidado.

“Boa parte dos problemas de saúde que vemos após os 60 poderia ser evitada ou atenuada com acompanhamento preventivo e hábitos saudáveis. Envelhecer com qualidade não depende apenas de ter ou não um plano de saúde. Depende de informação, planejamento e decisões que começam hoje”, diz Leitão.

A prevenção, segundo o especialista, envolve pilares que reduzem drasticamente riscos para quem envelhece:

  • atividade física regular, mesmo de baixa intensidade;
  • socialização, reduzindo solidão e depressão;
  • alimentação equilibrada, aliada à hidratação;
  • aprendizado contínuo, que protege a saúde cognitiva;
  • sono de qualidade;
  • e rotina de consultas e exames periódicos.

Tem alguma dúvida sobre o tema? Envie para leitor.seguros@infomoney.com.br que buscamos um especialista para responder para você!

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