Deputado diz que PL “corre atrás do prejuízo” após pré-candidatura de Flávio

O deputado federal Altineu Côrtes, 1º vice-presidente da Câmara e presidente do PL no Rio de Janeiro, afirmou em entrevista ao InfoMoney que a decisão do PL de lançar o senador Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência escancarou um problema terá de ser resolvido a toque de caixa.

Para o deputado, faltou diálogo prévio com aliados e agora o partido tenta “correr atrás do prejuízo” para construir uma maioria mínima em torno do projeto eleitoral de 2026.

“Se não foi feita essa conversa antes da indicação, a gente tem que correr atrás do prejuízo e conseguir construir essa maioria”, afirmou o deputado.

Altineu afirmou que o último ano foi especialmente duro para o partido. “O PL sentiu muito e sente muito toda essa situação que o nosso presidente está passando. A família Bolsonaro tem sofrido muito e a gente, com todo o trabalho que o PL desenvolveu nos estados, terminar um ano assim é muito triste e muito doloroso para o nosso partido”, disse.

Segundo ele, esse ambiente restringiu a margem de atuação política e obrigou o partido a priorizar pautas possíveis dentro da atual correlação de forças.

No Congresso, a principal aposta do PL é o PL da Dosimetria. Altineu reconheceu que o texto aprovado na Câmara não reflete a posição original da sigla. “A gente sempre defendeu a anistia. Não foi possível. O que foi possível foi a dosimetria”, afirmou.

Para o deputado, o avanço do projeto no Senado representa “o passo que a gente conseguiu dar nesse momento”, com expectativa de que a votação seja concluída ainda neste ano.

Eleições 2026

Ao tratar do cenário eleitoral, Altineu avaliou que a prisão de Jair Bolsonaro mudou a dinâmica interna do partido e antecipou decisões estratégicas. “Nós temos uma eleição super desafiadora em outubro de 26”, afirmou.

Segundo ele, o desempenho da economia, a segurança pública e o processo vivido pelo ex-presidente devem pesar na formação do sentimento do eleitorado ao longo do próximo ano.

Sobre a indicação de Flávio Bolsonaro, Altineu classificou a escolha como legítima, mas ressaltou que ela exige uma construção política mais ampla. “Essa decisão do Flávio Bolsonaro é mais do que legítima. Ele é o filho mais velho do presidente Bolsonaro”, disse.

Ao mesmo tempo, afirmou que a vitória depende da capacidade de diálogo com partidos de centro. “Se você não consegue fazer uma convergência para construir uma maioria, você perde tração”, avaliou.

O deputado reconheceu que a centro-direita pode chegar fragmentada ao primeiro turno, com nomes como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, mantendo suas pré-candidaturas.

“Pode acontecer, isso é natural nas eleições”, afirmou. Para ele, a convergência tende a ocorrer mais adiante, especialmente diante de um tema capaz de unificar esse campo político.

Tema eleitoral

Na avaliação de Altineu, a segurança pública será o principal eixo do debate eleitoral. “A segurança pública será um tema fundamental no debate político e, na minha opinião, pode definir a eleição presidencial”, afirmou, citando operações recentes e o avanço da PEC da Segurança Pública no Congresso como elementos que reforçam essa centralidade.

No Legislativo, o deputado avaliou que o chamado blocão de centro-direita atua de forma circunstancial. “São quase 250 deputados, mas para determinados temas”, disse, ao apontar que esse arranjo tende a se desfazer com a proximidade da disputa eleitoral. Segundo ele, o PL aposta na janela partidária de 2026 para ampliar sua bancada. “Tenho certeza que o PL vai voltar a ter mais de 100 deputados”, afirmou.

Conflito entre Poderes

Sobre a relação entre Congresso e Supremo Tribunal Federal, Altineu reconheceu um ambiente de tensão, mas defendeu o diálogo institucional como único caminho possível.

“Não adianta ir para o enfrentamento, para xingamento”, disse. Para ele, mudanças no equilíbrio entre os Poderes passam por articulação política. “A gente só vai construir equilíbrio tendo diálogo, sem enfrentamento”, afirmou.

Na leitura do deputado, o PL encerra a legislatura tentando conter perdas no Congresso enquanto reorganiza sua estratégia para uma eleição que considera aberta e fortemente marcada por segurança pública, economia e pela relação entre os Poderes.

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