A menos que ocorra um desastre, o Ibovespa encerrará 2025 em nível recorde, e o mercado está otimista para que o bom desempenho se mantenha no ano que vem. Mas o que ainda divide agentes é a causa da alta. Alguns vêm destacando a tese de trade global, com fluxo de economias desenvolvidas para emergentes, mas o JPMorgan tem outra teoria: um crescimento inesperado dos ETFs.
Em relatório divulgado nesta quarta-feira (17), analistas do banco argumentam que o fluxo estrangeiro visto até aqui em 2025, de cerca de R$ 20 bilhões, é um salto importante diante da saída de R$ 32,1 bilhões em 2024, mas não é suficiente para explicar o a disparada de 32% do Ibovespa.
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Entre os fatores que ajudaram a sustentar o mercado, o JPMorgan cita recompras de ações, reinvestimento de dividendos via fundos passivos, cobertura de posições vendidas e, principalmente, o avanço dos ETFs. “Os fluxos de ETFs, em particular, tornaram-se um fator-chave e provavelmente continuarão sendo essenciais para o desempenho do mercado no futuro”, afirmam as analistas para mercados emergentes Emy Shayo Cherman e Cinthya M Mizuguchi.
No universo de mercados emergentes, os ETFs passivos atraíram US$ 82 bilhões em 2025. O Brasil responde por cerca de 4,5% desse total, equivalente a aproximadamente US$ 3,7 bilhões. Considerando os principais ETFs ligados ao mercado brasileiro, os fluxos somaram US$ 1,8 bilhão no ano, o maior nível desde 2019. A maior parte dessas entradas ocorreu a partir do “Dia da Libertação”, quando Donald Trump anunciou sua política de tarifas, com forte ritmo entre maio e o fim do ano.
Para 2026, o JPMorgan projeta um cenário mais favorável aos fluxos. O banco afirma ter uma visão positiva para mercados emergentes e espera que a queda de cerca de 3,5 ponto percentual na Selic impulsione as ações. O principal risco apontado é a volatilidade associada ao ciclo eleitoral.
Fundos ainda não estão comprando
No mercado doméstico, os dados mostram que fundos locais seguem registrando resgates. Fundos de ações e multimercados continuam com saídas líquidas, embora relatos de clientes indiquem desaceleração nos resgates nos últimos meses.
Em novembro, a indústria de fundos teve saída líquida de R$ 16 bilhões, puxada principalmente por renda fixa. No acumulado do ano, o setor registra entrada de R$ 145 bilhões. Os fundos dedicados a ações tiveram resgates de R$ 1,2 bilhão no mês e acumulam saídas de R$ 53 bilhões em 2025, marcando o 17º mês consecutivo de retiradas.
A participação de ações no patrimônio total dos fundos permanece em 7,9%, patamar estável no segundo semestre e abaixo da média histórica de 11,2%. Já os fundos multimercados registraram saída de R$ 885 milhões em novembro, o menor valor desde dezembro de 2021, embora o saldo negativo no ano chegue a R$ 61 bilhões. Na renda fixa, houve saída de R$ 7,6 bilhões no mês, após seis meses de entradas que somaram R$ 125 bilhões; no acumulado do ano, o fluxo é positivo em R$ 162 bilhões.
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