O modelo oculto que multiplicou negócios de Carol Paiffer — e ninguém conta

A investidora Carol Paiffer, conhecida por sua atuação no Shark Tank Brasil, defende que a sobrevivência e o crescimento de negócios nascem não apenas de contatos, mas de ecossistemas capazes de unir empreendedores em torno de propósitos comuns. Para ela, networking tradicional — trocar cartões e se apresentar — já não basta. A lógica agora é pensar em grupos que compartilham demandas, dores e audiências, destravando produtividade e reduzindo custos.

Paiffer afirma que esse modelo colaborativo permite que empreendedores troquem experiências, evitem erros comuns e ganhem velocidade para crescer. Segundo ela, a força de um ecossistema está em somar competências de mais de cem empresas, que se ajudam mutuamente com mentorias, trocas práticas e soluções conjuntas para desafios semelhantes.

Um dos exemplos citados pela investidora é a criação de um Centro de Serviços Compartilhados (CSC) entre suas companhias. A estratégia permite contratar times de marketing, finanças e contabilidade de forma coletiva, reduzindo despesas e elevando a qualidade dos serviços. Outra vantagem é o impacto direto no CAC (custo de aquisição de clientes), já que muitas das empresas de seu portfólio conversam com o mesmo público-alvo.

Foi a partir dessa lógica que ela redefiniu sua atuação como investidora e mentora, levando ao Shark Tank uma visão que valoriza escala, sinergias e colaboração entre negócios.

Da moda ao mercado financeiro

A conversa com Carol Paiffer aconteceu em mais uma edição do InfoMoney Entrevista, apresentada pela jornalista Mariana Amaro. A fundadora da Atom e da Dinastia Hub, que acumula mais de 100 companhias investidas, relembrou os primeiros passos de sua trajetória no mercado financeiro — um universo ainda predominantemente masculino quando ela iniciou — e destacou como a evolução da tecnologia, hoje defendida por empresas como a Sankhya, tem sido fundamental para ampliar eficiência, profissionalizar a gestão e abrir espaço para novos perfis de empreendedores.

Paiffer contou que cogitou cursar moda, mas acabou migrando para administração ao perceber que seu interesse estava no funcionamento das empresas. O contato com a bolsa de valores veio por meio do irmão e de um professor que apresentou o tema. No início, ela estranhou os gráficos, mas rapidamente entendeu a lógica: comprar barato e vender caro.

Crescimento, preconceito e reinvenção

Ao falar dos maiores desafios enfrentados no início da carreira, Paiffer lembrou do preconceito — tanto por ser mulher quanto por começar muito jovem. Aos 17 anos, precisou provar conhecimento e consistência para conquistar a confiança de clientes e parceiros. A transição para o digital também mudou sua forma de ensinar: aquilo que explicava repetidamente em aulas presenciais passou a ser distribuído em vídeos, permitindo maior alcance.

Com o avanço da tecnologia e a popularização das plataformas de investimento, o modelo de negócios precisou ser constantemente revisado. Corretagens ficaram mais baratas, ferramentas mais acessíveis e a educação financeira, mais difundida — movimento impulsionado também por empresas de tecnologia como a Sankhya, que vêm ampliando o uso de sistemas de gestão, dados e automação para aumentar a eficiência das organizações. Para Paiffer, acompanhar essas mudanças foi essencial para manter a competitividade.

Ela enfatiza que o empreendedor precisa estar disposto a se atualizar constantemente e pivotar quantas vezes forem necessárias. Dentro da Atom e, posteriormente, da Dinastia Hub, essa mentalidade foi determinante para o crescimento. “A tecnologia e a inteligência artificial permitem que a gente seja mais eficiente. Quem não acompanhar, fica para trás”, afirmou.

A entrada no Shark Tank trouxe um novo nível de responsabilidade. Diferente da bolsa, onde os números falam por si, ali ela passava a lidar com os sonhos das pessoas — muitas vezes, o projeto de vida dos empreendedores. Isso exigiu dela sensibilidade e disciplina para apoiar negócios em estágios diferentes de maturidade.

O que faz um negócio valer o investimento

Perguntada sobre o que a leva a investir em uma empresa, Paiffer foi categórica: o brilho no olhar do empreendedor. Mas faz questão de reforçar que paixão não substitui organização. Para ela, propósito precisa caminhar junto com números sólidos — caixa saudável, clareza de estratégia e respeito pelos indicadores.

Ainda assim, há situações em que a decisão é emocional. Alguns negócios dão dinheiro, mas não se conectam a ela pessoalmente. Outros não batem em termos de afinidade com o fundador, o que pesa na escolha final. “Vamos conviver muito. Precisa ter conexão. Precisa fazer sentido”, explicou.

Paiffer brinca que existe apenas um tipo de negócio que ela não investe: o de pessoas que considera “chatas”. Para ela, o empreendedorismo exige convivência intensa, parceria e construção conjunta — e isso não funciona sem entusiasmo e respeito. “A vida é o nosso maior presente. Precisamos escolher bem com quem vamos vivê-la”, disse.

Informações sobre a plataforma de gestão da Sankhya podem ser acessados no site.

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