Avião da Força Aérea dos EUA quase colide com voo comercial próximo à Venezuela

Um caça F-16 Fighting Falcon da Força Aérea dos EUA, fabricado pela Lockheed Martin Corp., realiza manobras no Singapore Airshow realizado no Changi Exhibition Centre em Singapura, na terça-feira, 6 de fevereiro de 2018. O show aéreo vai até 11 de fevereiro (SeongJoon Cho/Bloomberg)

O piloto de um voo da JetBlue relatou na sexta-feira que quase colidiu com uma aeronave militar dos Estados Unidos sobre o Caribe depois que um avião-tanque da Força Aérea cruzou à frente do jato comercial sem transmitir sua posição, segundo comunicações de rádio do controle de tráfego aéreo.

“Eles estão com o transponder desligado, é um absurdo”, disse o piloto da JetBlue a um controlador de tráfego aéreo, após identificar o tipo de aeronave que havia encontrado. “Quase tivemos uma colisão no ar aqui.”

As transmissões de rádio detalham a experiência do voo 1112 da JetBlue, que seguia para Nova York após partir de Curaçao, uma pequena ilha no sul do Caribe, a cerca de 65 quilômetros da costa da Venezuela. Vinte minutos após a decolagem, a aeronave nivelou repentinamente durante a subida, segundo dados de rastreamento de voo. Pelo rádio, o piloto afirmou que foi forçado a interromper a ascensão até a altitude de cruzeiro para evitar a colisão com o avião-tanque.

Não está claro se o piloto avistou a aeronave militar a olho nu ou se foi alertado por algum sensor do avião. Ele disse ao controlador de tráfego aéreo em Curaçao que o tanqueiro estava a apenas 2 ou 3 milhas de distância — menos de 20 segundos de voo àquela velocidade.

O controlador afirmou que também não conseguia ver o avião-tanque em sua tela de radar, mas sugeriu que a presença de aeronaves militares desconhecidas fazia parte de um padrão. “Eles têm sido abusivos com aeronaves não identificadas dentro do nosso espaço aéreo”, disse o controlador ao piloto.

Apenas um dia depois, na noite de sábado, controladores de tráfego aéreo em Curaçao alertaram ao menos outros três pilotos, incluindo de voos da American Airlines e da Delta Air Lines, sobre a presença de aeronaves não identificadas nas proximidades — uma referência aparente a aviões voando com os transponders desligados. As gravações foram publicadas no LiveATC.net, site que divulga transmissões de rádio de torres de controle ao redor do mundo, e também em redes sociais por entusiastas de rádio.

O espaço aéreo sobre o Caribe tornou-se cada vez mais congestionado nas últimas semanas, à medida que os Estados Unidos enviaram mais aeronaves e equipamentos para a região como parte do reforço militar contra a Venezuela. Em outras áreas do Caribe, aviões militares realizam missões a partir de Porto Rico, das Ilhas Virgens Americanas, da República Dominicana e do USS Gerald R. Ford, um porta-aviões destacado para a região.

Derek Dombrowski, porta-voz da JetBlue, disse ao The New York Times: “Relatamos esse incidente às autoridades federais e participaremos de qualquer investigação.” Dados de rastreamento mostram que o avião da JetBlue retomou a subida alguns minutos após o episódio e pousou em Nova York sem novos problemas.

O coronel Manny Ortiz, porta-voz do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, afirmou que o órgão está “ciente das reportagens recentes sobre operações de aeronaves militares dos EUA no Caribe e está atualmente analisando o caso”. Ele acrescentou: “A segurança continua sendo uma prioridade máxima, e estamos trabalhando pelos canais apropriados para apurar os fatos em torno da situação.”

É impossível saber com certeza por onde o avião-tanque estava voando, já que não transmitia sua posição. Mas o piloto da JetBlue disse ao controlador que a aeronave militar seguia em direção nordeste, rumo a um espaço aéreo administrado pela Venezuela.

No fim de semana passado, outros aviões-tanque da Força Aérea — grandes jatos capazes de reabastecer outras aeronaves em voo — chegaram à República Dominicana como parte de um acordo que permitiu aos Estados Unidos usar o território do país no combate ao tráfico de drogas. Desde o início de setembro, os EUA realizaram uma série de ataques aéreos contra embarcações que afirmam transportar narcóticos, matando mais de 80 pessoas. Um amplo grupo de especialistas classificou esses ataques como ilegais, avaliação rejeitada pelo governo americano.

Em novembro, a Autoridade de Aviação Civil de Curaçao emitiu um alerta pedindo que pilotos “exerçam extrema cautela” ao voar para ou a partir do país, que integra o Reino dos Países Baixos.

A mensagem afirmava que pilotos e radares haviam relatado com frequência a presença de “aeronaves não identificadas” no espaço aéreo local. Não está claro se todas essas aeronaves pertencem às Forças Armadas dos EUA, mas o quase acidente de sexta-feira ocorreu na área abrangida pelo alerta.

A missão do avião-tanque também não estava clara. Dados de rastreamento indicam que várias outras aeronaves militares dos EUA voavam na região, transmitindo publicamente suas posições, nas horas que antecederam o quase acidente. É possível que o tanqueiro estivesse reabastecendo esses aviões, mas os militares não responderam às perguntas sobre por que ele não estava visível, enquanto os demais estavam.

c.2025 The New York Times Company

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