O crescimento do Mirassol no cenário nacional é daqueles que chamam a atenção não apenas pelos resultados esportivos, mas também pelo impacto financeiro direto que o clube do interior paulista passou a registrar. Em 2024, quando disputava a Série B, o Mirassol fechou o ano com um faturamento de R$ 60 milhões somando direitos de transmissão e patrocínios.
Agora, em 2025, mesmo antes de considerar novas receitas comerciais, o clube já está muito próximo de repetir esse valor apenas com premiações das competições que garantiu. A confirmação da vaga na fase de grupos da Copa Libertadores de 2026 e a quarta posição no Campeonato Brasileiro colocam o time em uma realidade inédita e altamente significativa para seu desenvolvimento.
No Brasileirão, o Mirassol assegurou a quarta colocação, posição que representa valores que variam entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões apenas em premiação. A essa cifra se soma a garantia da presença na fase de grupos da Copa Libertadores de 2026, competição que já distribui mais de R$ 16 milhões fixos para cada participante antes mesmo de considerar ganhos adicionais por vitória ou avanços no torneio. Somadas, essas duas competições igualam praticamente todo o faturamento do clube no ano anterior, demonstrando como o desempenho dentro de campo está diretamente ligado à expansão de receita.
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Este movimento também ocorre em um momento de forte alta no volume geral de premiações do futebol brasileiro. Em 2025, as competições nacionais e internacionais distribuíram R$ 1,81 bilhão para 146 equipes das Séries A, B, C e D, além de clubes sem divisão que disputaram torneios oficiais regionais. No ranking de prêmios, gigantes como Fluminense, Flamengo, Palmeiras e Botafogo concentram as maiores receitas, mas a ascensão do Mirassol promete reposicionar o clube em patamares inéditos. Atualmente aparecendo na posição 132 com R$ 400 mil, o Mirassol deverá saltar para o grupo dos dez maiores do país assim que os valores finais do Brasileirão forem computados.
O crescimento não é fruto do acaso. Como destaca Moises Assayag, especialista em finanças e reestruturação no esporte, o Mirassol é um exemplo claro de que organização, planejamento e investimentos consistentes são bases fundamentais para a consolidação esportiva. Para ele, os frutos não são colhidos por acaso.
“Como o Ferran Soriano, CEO do Grupo City e ex Diretor do Barcelona, descreveu bem em seu livro: a bola não entra por acaso. Antes de se pensar em resultados ou títulos, é preciso ter organização e planejamento. É fundamental ter uma estrutura por trás que passa necessariamente por uma gestão eficiente e pelo bom direcionamento de investimentos, desde que faça sentido com a visão do clube e de seus torcedores. Com uma boa campanha no Campeonato Brasileiro, o Mirassol está provando que essa máxima do futebol é muito verdadeira”, afirma o economista.
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A virada de chave veio em 2018, quando a venda de Luiz Araújo do São Paulo para o Lille rendeu quase R$ 8 milhões ao Mirassol por seus direitos econômicos. Com este valor, o clube inaugurou seu centro de treinamento, inspirado na Academia de Futebol do Palmeiras, considerada uma das mais modernas do mundo. Desde então, a evolução foi contínua. No fim de 2024, quando já estava perto do acesso, o clube adquiriu uma câmara de flutuação e se tornou o segundo da América Latina a possuir o equipamento. Para a estreia na Série A, investiu R$ 8 milhões em reformas no estádio Maião, com modernizações em camarotes, cabines, banheiros e iluminação, além da implantação de reconhecimento facial e da troca do alambrado por proteção de vidro.
Mesmo com a segunda menor folha salarial da Série A, estimada em R$ 5 milhões, o Mirassol competiu em alto nível graças à combinação de estrutura, estratégia e elenco equilibrado. As receitas de patrocínio também cresceram e hoje giram em torno de R$ 15 milhões por ano. Entre as marcas que apostaram no clube, uma das mais importantes é a 7K, que acreditou no projeto ainda na Série C.
“Estamos completando quase três anos de uma parceria construída sobre confiança, resultados e propósito. Quando decidimos apoiar o Mirassol, o clube estava em ascensão para a Série B e demonstrava uma gestão moderna, transparente e altamente profissional, exatamente o tipo de projeto com o qual gostamos de nos associar. Hoje, ver o Mirassol competindo de igual para igual com os grandes da Série A confirma a assertividade da nossa visão estratégica. Esse crescimento mostra o quanto o interior de São Paulo tem se tornado uma potência em gestão e negócios”, afirma Nickolas Tadeu Ribeiro de Campos, fundador e Presidente do Conselho da Ana Gaming.
Além da 7K, o Mirassol conta com Guaraná Poty, Ecori Energia Solar, Kodilar, Ruiz Coffees, Atacadão Pisos e ITS Brasil, marcas que fortalecem a sustentação financeira do projeto. Em 2025, a Ana Gaming promoveu um workshop sobre manipulação de resultados e integridade esportiva em parceria com a Sportradar, reforçando o compromisso com práticas responsáveis no setor de apostas. No mês do centenário, também realizou ações com os torcedores, incluindo a entrega de um bandeirão de 243 metros quadrados e a montagem de um estúdio de flash tattoo dentro do estádio.
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O vínculo com a Athleta também foi ampliado e ganhou simbolismo no ano do centenário do clube e dos noventa anos da marca. A empresa destacou sua sintonia com o trabalho de Guanaes ao lançar uniformes especiais.
“Para nós, apoiar líderes que elevam o nível do esporte brasileiro faz parte da essência da Athleta. Guanaes é um exemplo de profissional que inspira, transforma e constrói resultados com propósito. Estamos muito felizes em tê lo conosco”, afirma Ricardo Tiwata, CEO da empresa.
Todo esse movimento deixa claro que o Mirassol vive uma transformação profunda e consistente. O clube desenvolveu estrutura, ampliou receitas, fortaleceu sua marca e alcançou desempenho esportivo que o coloca em um grupo seleto do futebol brasileiro. O simbolismo do momento é evidente. Somente com premiações, o Mirassol em 2025 atinge praticamente o mesmo valor que faturou durante toda a temporada de 2024. É a prova de que planejamento, profissionalização e visão de longo prazo podem mudar o destino de um clube.
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