
SÃO PAULO (Reuters) – Depois de abrirem a sessão com leves altas, as taxas dos DIs perderam força e passaram a cair nesta terça-feira, em especial entre os vencimentos com prazos mais longos, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterar o compromisso do governo com as metas fiscais.
O movimento foi corroborado pela nova queda do dólar ante o real — para perto dos R$5,30 — e pela expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve na quarta-feira, dia em que o Banco Central também decidirá sobre a Selic.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 13,955%, em baixa de 3 pontos-base ante o ajuste de 13,985% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,19%, ante o ajuste de 13,236%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,27%, ante 13,362% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2032 tinha taxa de 13,365%, em queda de 10 pontos-base ante 13,46%.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou no início da sessão que o país atingiu a menor taxa de desemprego da série histórica iniciada em 2012, de 5,6% no trimestre encerrado em julho. Economistas consultados pela Reuters previam que a taxa ficaria em 5,7% no período.
A população ocupada também bateu novo recorde, chegando a 102,4 milhões, e o rendimento médio real habitual dos trabalhadores cresceu 1,3% no trimestre.
Os números fortes de emprego justificavam o viés de alta para as taxas dos DIs no início do dia, assim como o avanço dos rendimentos dos Treasuries naquele momento. Mas a participação de Haddad em evento do grupo financeiro J. Safra foi o gatilho para as taxas perderem força.
Haddad afirmou que o governo pretende cumprir as metas fiscais de 2025 e 2026, acrescentando que para isso depende da “compreensão” do Congresso Nacional.
Além disso, o ministro disse que negociou com lideranças da Câmara o andamento de projetos para compor o Orçamento de 2026. As metas do governo são de resultado primário zero em 2025 e superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026 — nos dois casos há uma tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para mais ou para menos.
Em meio à fala de Haddad, o dólar chegou a oscilar abaixo dos R$5,30 e as taxas dos DIs viraram para o negativo.
Operador ouvido pela Reuters chamou a atenção para o fato de, enquanto o Fed está caminhando para cortar juros a partir desta quarta-feira, o Banco Central deve manter a Selic em 15%, o que estimula algumas operações de retorno fácil.
Segundo ele, investidores estrangeiros atuaram na ponta de venda de dólares nesta terça-feira, aplicando os recursos recebidos em DIs, o que tem como efeito a queda das taxas — em especial nos vencimentos longos, onde os estrangeiros mais atuam.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava em 99% a probabilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manter a taxa básica Selic em 15% na quarta-feira. Mais do que a decisão em si, os agentes estarão atentos à comunicação do colegiado.
“Avaliamos que a postura conservadora será preservada, sem qualquer indicação de corte de juros no curto prazo”, disse Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, em análise enviada a clientes.
“A valorização do real, o recuo das expectativas de inflação e o arrefecimento da atividade têm levado alguns analistas a projetarem o início do ciclo de flexibilização monetária já em dezembro, o que demandaria uma mudança gradual na comunicação do Comitê. No entanto, entendemos que não houve alteração significativa do balanço de riscos”, acrescentou.
No exterior, às 16h40, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — mostrava estabilidade, aos 4,036%.
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