
O Morgan Stanley projeta que até US$ 66 bilhões possam ser direcionados para ações da América Latina — o equivalente a 6% do valor de mercado atual da região — caso fundos globais revertam a atual posição de 180 pontos-base abaixo da média (underweight) em ações de mercados emergentes, em um contexto de maior diversificação. O Brasil seria o principal beneficiado desse movimento.
Segundo o banco, investidores estrangeiros já alocaram US$ 4 bilhões em ações brasileiras no acumulado do ano, mas ainda há espaço para fluxos muito maiores com uma reavaliação global de alocação.
De acordo com o Morgan Stanley, os fundos long only (estratégia de compra e retenção de ações) seguem com posição subalocada em mercados emergentes. Como esses ativos representam apenas 10% do MSCI ACWI (Índice Mundial de Todos os Países da MSCI), o fechamento da lacuna resultaria em um aumento proporcionalmente relevante de recursos alocados a esses mercados.
O banco também destaca que o peso das ações dos EUA no MSCI ACWI cresceu de 41% em 2008 para os atuais 64%, enquanto a fatia dos emergentes caiu de 12% para 10% no mesmo período — movimento que pode agora começar a se inverter, ainda que marginalmente, em função da nova dinâmica geopolítica e econômica multipolar.
Embora o Morgan Stanley não considere uma reversão total como cenário base, destaca que a exposição a ações latino-americanas está em níveis historicamente baixos — tanto em termos relativos quanto absolutos — e que qualquer mudança marginal pode ter impacto significativo sobre os fluxos.
O Itaú BBA, por sua vez, destaca que as ações de mercados emergentes apresentaram bom desempenho recentemente, impulsionadas pela fraqueza do índice do dólar (DXY) e pela postura mais dovish do Federal Reserve. A visão do BBA para a classe de ativos é positiva, com a avaliação de que esse cenário pode contribuir para que os emergentes revertam a tendência de baixo desempenho e dólar forte que predominou nos últimos 15 anos.
Segundo relatório do BBA, Scott Piper, chefe de estratégias de ações da América Latina na Itaú USA Asset Management, demonstrou preferência pelo Brasil em relação ao México, ao considerar os mercados mais líquidos da região.
Para ele, o mercado brasileiro apresenta características mais atrativas: é mais profundo, diversificado e sofisticado, com uma maior variedade de empresas e temas de investimento, além de valuations mais descontados — entre 1 e 1,5 desvio padrão abaixo da média histórica. O executivo acredita em um potencial de rerating de 30% a 40%, destacando ainda o carry atrativo, próximo de 6%.
Em relação à Argentina, Piper enxerga a liberação gradual dos controles de capital como um possível gatilho para valorização dos ativos do país, além da potencial reinclusão nos índices de mercados emergentes.
Na alocação por temas, ele indicou uma posição overweight em cíclicas domésticas brasileiras, por conta da sensibilidade desses ativos ao pico dos juros, e uma posição underweight em cíclicas globais.
The post Morgan vê forte entrada de capital em ações emergentes com diversificação global appeared first on InfoMoney.